O deputado Osmar Terra (MDB-RS), chamado por alguns senadores como "ministro paralelo" do governo federal, negou que tenha "poder" sobre as opiniões do presidente Jair Bolsonaro na pandemia de covid-19.
Terra é ouvido nesta terça-feira (22) na CPI da Covid para explicar a defesa da imunidade de rebanho como tese de controle do coronavírus no Brasil, medida também pregada pelo chefe do Executivo.
— Eu não tenho poder sobre o presidente de "o senhor vai falar isso, vai falar aquilo". Se eu tivesse o poder, eu seria o presidente e ele, o deputado — disse Omar Terra durante depoimento na comissão.
Ele negou a existência de um "gabinete paralelo" para assessorar Bolsonaro. Uma reunião em setembro do ano passado, porém, com a presença de Terra, teria articulado a formação de um "gabinete das sombras" para subsidiar as decisões do presidente.
— Ele ouve todo mundo. Isso não significa que tem gabinete paralelo, que tem estruturas paralelas. Isso é uma falácia.
A imunidade de rebanho vem sendo pregada por Bolsonaro. Em live transmitida na última quinta-feira (17), o chefe do Executivo afirmou que "todos que contraíram o vírus estão vacinados" e que a contaminação é mais eficaz do que a própria vacinação porque (a pessoa) "pegou o vírus para valer".
Na CPI, Terra voltou a defender a tese, negando que tenha sido uma "estratégia". O deputado declarou ainda que a "quarentena vertical" — para todos os públicos — foi um termo cunhado pelo próprio Bolsonaro:
— Ele cunhou esse termo. É da cabeça dele.
Questionado pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), o deputado citou que a imunidade de rebanho poderá ser alcançada no Brasil quando 60% a 70% da população contrair a doença. Esse percentual significaria a infecção de mais de 120 milhões de pessoas no país. Até segunda-feira, quase 19 milhões de casos foram confirmados oficialmente, com 502.817 mortes.