O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (6), sem provas, que houve "muita fraude" nas eleições americanas que marcaram a derrota de Donald Trump, a quem o líder brasileiro destacou ser aliado. Ao interagir com apoiadores no Palácio da Alvorada, Bolsonaro foi perguntado sobre a situação "bem tensa" em Washington, mas não comentou diretamente a invasão do Congresso dos Estados Unidos por extremistas pró-Trump.
— Eu acompanhei tudo hoje. Você sabe que sou ligado ao Trump. Então, você sabe qual a minha resposta aqui. Agora, muita denúncia de fraude, muita denúncia de fraude. Eu falei isso um tempo atrás e a imprensa falou: 'sem provas, presidente Bolsonaro falou que foi fraudada as eleições americanas' — disse.
Mais uma vez sem apresentar provas, Jair Bolsonaro voltou a alegar que as eleições de 2018, da qual saiu vencedor, registraram fraudes que lhe tiraram uma vitória em primeiro turno.
— A minha foi fraudada. Eu tenho indício de fraude na minha eleição, era para ter ganho no primeiro turno —declarou.
Durante visita aos Estados Unidos, em 9 de março do ano passado, Bolsonaro disse que entregaria provas de que as eleições de 2018 foram fraudadas, mas nunca as apresentou.
Mourão diz que é "questão interna"
Mais cedo, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que a invasão do Congresso dos EUA por apoiadores de Trump que acreditam em fraude nas eleições vencidas por Joe Biden é uma "questão interna".
— São questões internas dos EUA e que terão de ser solucionadas pelo novo governo e de acordo com a lei — disse o vice ao Estadão.
Líderes de outros países democráticos, como os presidentes da França, Emmanuel Macron, e da Colômbia, Iván Duque, comentaram o episódio. No Brasil, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República disse que não comentaria o caso, e o Itamaraty não havia se posicionado até a conclusão desta reportagem.
Autoridades do Legislativo e do Judiciário condenam invasão
Mais uma vez, autoridades dos poderes Legislativo e Judiciário brasileiros condenaram a invasão nos EUA. O presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), chamou o episódio de tentativa de insurreição e disse que o protesto é inaceitável.
"As imagens da invasão ao Congresso americano, em uma tentativa clara de insurreição e de desprezo ao resultado das eleições por parte de um grupo,são inaceitáveis em qualquer democracia e merecem o repúdio e a desaprovação de todos os líderes com espírito público e responsabilidade", escreveu Alcolumbre.
No mesmo tom, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chamou o caso de "desespero de uma corrente antidemocrática que perdeu as eleições".
"No triste episódio nos EUA, apoiadores do fascismo mostraram sua verdadeira face: antidemocrática e truculenta. Pessoas de bem, independentemente de ideologia, não apóiam a barbárie. Espero que a sociedade e as instituições americanas reajam com vigor a essa ameaça à democracia", disse o ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso.