O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso criticou, na noite desta segunda-feira (15), as constantes nomeações de militares para o governo federal. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o ministro foi questionado sobre o papel das Forças Armadas no governo, e afirmou que não vê a possibilidade de um novo golpe militar no país. Porém, comparou a ocupação de membros das Forças Armadas ao que ocorre na Venezuela.
— Mas acho também ruim você começar a povoar cargos no governo com militares. Isso é o que aconteceu na Venezuela. Isso é a "chavização". Porque quando você multiplica militares no governo, eles começam a se identificar com o governo e começam a se identificar com vantagens e com privilégios. Isso é um desastre. Isso não pode acontecer. Portanto, não é o problema de ter um ministro aqui e outro ali. É o problema de você começar a ocupar cargos, e aí é o que o presidente Fernando Henrique falou, dobra salário, consegue que um genro entra...tá errado. E foi isso que o Chávez fez na Venezuela — disse.
Barroso ainda comentou que a crítica constante do governo Bolsonaro ao país latino-americano tem a ver com semelhanças entre os dois métodos de governo.
— A Venezuela é um desastre humanitário, lamentável. Mas parte desse ódio à Venezuela é o que o Freud identificaria como narcisismo das pequenas diferenças — afirmou.
Ao retornar ao tema, Barroso afirmou que, para ele, o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, morto em 2013, não era de esquerda:
— É um tiranete de direita. Sempre achei isso. Nunca entendi porque a esquerda brasileira se identificava com a Venezuela.
Barroso, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), reiterou que a Corte eleitoral brasileira trabalha com diversas alternativas para as eleições municipais deste ano. Entre elas, estão eventuais mudanças de data, uma possível extensão do horário do pleito (entre as 8h e às 20h, por exemplo) e um revezamento por turnos. Entretanto, todos esses temas precisam ser debatidos e votados no Congresso Nacional, uma vez que é definido pela carta que a votação deve ocorrer no primeiro domingo de outubro.