Numa visita surpresa de Jair Bolsonaro ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, o ministro Paulo Guedes (Economia) defendeu que o presidente da República vete um dispositivo que libera reajustes ao funcionalismo público.
O item cujo veto foi defendido por Guedes foi incluído no pacote de ajuda a Estados e municípios analisado pelo Congresso Nacional e teve aval de Bolsonaro, contra a vontade de Guedes.
— A necessidade, na visão da (pasta da) Economia, é que o presidente vete o aumento de salários, por exemplo, ano que vem. É não pedir aumentos por um ano e meio, uma contribuição — declarou o ministro numa reunião ao lado de Bolsonaro, Toffoli, ministros e representantes empresariais e da indústria.
— A contribuição do funcionalismo é não pedir aumentos — disse Guedes.
Num gesto pouco usual, Bolsonaro deixou o Palácio do Planalto nesta quinta-feira (7) e, a pé, levou um grupo de empresários e representantes da indústria para uma visita fora da agenda ao presidente do STF.
Os empresários tiveram reunião com Bolsonaro e com o ministro Paulo Guedes na manhã desta quinta. Participaram representantes de entidades como a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), entre outros.
O plenário virtual do Senado aprovou, nesta quarta-feira (6), projeto que prevê ajuda financeira de aproximadamente R$ 125 bilhões para Estados e municípios por causa da pandemia de coronavírus.
O resultado da votação impôs uma derrota a Paulo Guedes. A equipe econômica tentava congelar reajustes salariais para todos os servidores públicos até o fim de 2021 e incluiu esse item como uma das contrapartidas para a liberação do socorro aos Estados e municípios.
Na votação desta quarta, porém, os senadores chancelaram alterações feitas pela Câmara, apoiando flexibilizar o congelamento salarial – o que, na prática, abre brechas para que sejam concedidos reajuste para algumas categorias, como policiais e professores.
O texto foi aprovado por 80 votos a favor e nenhum contrário.
Segundo o líder do governo na Câmara, major Vitor Hugo (PSL-GO), que capitaneou o movimento entre os deputados, a articulação teve o respaldo do presidente Jair Bolsonaro.
— Não estamos concedendo aumento a ninguém, mas aceitando a possibilidade de aumento, que na prática é remota — afirmou.
— Essa construção consta sim com o apoio do presidente Jair Bolsonaro — afirmou o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).
Após o aval do plenário, a proposta segue para sanção de Bolsonaro. Se for sancionado ainda nesta semana, o primeiro repasse dos recursos poderá acontecer na primeira quinzena de maio.