As duas últimas fases da Lava-Jato botaram a ex-presidente Dilma Rousseff nos holofotes da operação. Ambas - uma no dia 23 de agosto e outra na última terça-feira (10) - miraram pessoas diretamente ligadas as campanhas da petista nas eleições de 2010 e 2014. As investigações expõem tanto os contratos da Petrobras como também os das obras da hidrelétrica de Belo Monte. As informações são do jornal Folha de São Paulo.
Enquanto investigações anteriores da Lava-Jato foram focadas principalmente no entorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os principais alvos diretos da investigação agora são do núcleo de confiança de Dilma. A 64ª fase da Lava-Jato foi batizada de Pentiti — do italiano arrependimento — e fazia referência as acusações provenientes do acordo de delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci. Essa operação resultou em buscas na casa da ex-presidente da Petrobras, Graça Foster, e apontou também para o ex-ministro da Fazenda do governo Dilma, Guido Mantega. Graça Foster e Guido Mantega são acusados por Palocci de usar negócios da Petrobras para arrecadar fundos para a campanha da petista.
Já a fase deflagrada nesta terça levou à prisão de Márcio Lobão, filho do ex-ministro de Minas e Energias de Dilma Rousseff, Edison Lobão. O pai foi o encarregado pela ex-presidente a tocar as obras de Belo Monte. A usina localizada no Pará é alvo de suspeita de propina pela Odebrecht e entrou nas acusações da delação de Palocci.
Segundo o Ministério Público Federal, o filho de Edison Lobão seria o responsável por supostamente lavar o dinheiro da propina por meio de obras de arte. Lobão já havia sido acusado por esse caso e havia se tornado réu em julho.
Contraponto
A assessoria da ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que Palocci mentiu mais uma vez e que não possui provas ou indícios para provar isso. Ainda disse que não iria comentar a investigação da Polícia Federal relativa as campanhas de Dilma.
A defesa de Palocci confirmou que ele continuará ajudando a Justiça, elucidando os fatos e apresentados novas provas de corroboração.
Quando Guido Mantega foi alvo da Lava-Jato, seu advogado Fábio Tosic afirmou que as medidas representavam "estardalhaço e espetáculo público".
A defesa de Graça Foster afirmou que a ex-presidente da Petrobras não iria comentar a investigação.
Conforme a defesa de Márcio Lobão, a operação desta terça tratou sobre casos antigos, envolvendo diferentes investigações, das quais não houve tentativa de interferência dele.
Já a defesa de Edison Lobão disse que ele não foi alvo desta fase da Lava-Jato e que as acusações são fundamentadas nas palavras de delatores.