Durante cerimônia de inauguração de trecho duplicado da BR-116, na manhã desta segunda-feira (12), em Pelotas, o presidente da República, Jair Bolsonaro, discursou durante 12 minutos ao público que compareceu ao local.
Na ocasião, o presidente atacou o que chama de "indústria da multa" no Brasil e reafirmou a promessa de acabar com pardais e lombadas eletrônicas no país. O resultado das primárias das eleições presidenciais na Argentina, que teve vitória do candidato de esquerda Alberto Fernández, e o papel da Ancine e da Lei Rouanet na produção cinematográfica brasileira também estiveram na pauta do presidente.
Confira algumas das frases ditas por Bolsonaro:
Caso essa esquerdalha se confirme aqui (na Argentina), teremos no Rio Grande do Sul um novo Estado de Roraima.
Em relação à vitória do candidato peronista Alberto Fernández frente a Mauricio Macri, no domingo (11), nas primárias presidenciais da Argentina. A alusão a Roraima ocorre por conta da vinda massiva de venezuelanos ao Brasil pela fronteira com o Estado do Norte do país.
Não adianta fazer a estrada e deixar sem manutenção.
Ao defender preço considerado justo de pedágio. Na BR-116, onde o trecho duplicado foi inaugurado pelo presidente, o custo é de R$ 12.
Estou numa briga para acabar com os pardais no Brasil. Fábrica de multa, indústria que existe no Brasil (...) Não haverá mais radar móvel no Brasil (...) Vamos acabar com essa roubalheira aí.
Confirmando a intenção de acabar com pardais e lombadas eletrônicas manifestada inicialmente em março, por meio de transmissão ao vivo em uma rede social.
Estamos focados em questões de família. Não admitiremos que a Ancine e a Lei Rouanet façam peças contra interesses e tradição judaico-cristã. (...) Quer fazer filme da Bruna Surfistinha, pode fazer, mas não com dinheiro público.
Ratificando as críticas ao filme Bruna Surfistinha feitas semanas atrás.
Um abraço nos machos e um beijo nas mulheres.
Ao encerrar o discurso de 12 minutos na solenidade de inauguração da duplicação de parte da BR-116, em Pelotas.
Entrevista em Pelotas
Após seu discurso em Pelotas, Bolsonaro conversou com os jornalistas na saída do evento, antes de continuar a agenda no Rio Grande do Sul. Veja alguns dos principais trechos das respostas dadas na entrevista coletiva:
Nós não podemos ter um chefe do MP (Ministério Público) que não esteja alinhado com o desenvolvimento do Brasil. (...) O MP que se preocupe em combater a corrupção, mas também em estrutura, não seja um xiita ambiental, que entenda as questões de minoria com a importância que ela tem que ter e não supervalorizada.
Sobre o perfil que buscará ao escolher o novo procurador-geral da República, que deverá substituir a atual chefe do Ministério Público Federal, Raquel Dodge.
Há um confronto (de propostas). Se discute, discute, discute, e pior que uma decisão mal tomada, é uma indecisão. Aí a gente decide essa questão. Já temos a nossa (proposta de reforma tributária) bastante adiantada com o (ministro da Economia) Paulo Guedes. Nós, Executivo, queremos tratar da reforma tributária federal. Tem uma Senado, tem uma Câmara... Eu sou mais velho de Câmara aqui, tenho 28 anos de Câmara. Toda vez que se tentou uma reforma tributária envolvendo os entes da federação, União, Estados e municípios, não saiu do papel.
Sobre a proposta de reforma tributária que o governo deve divulgar nos próximos dias.
Por que nós nos socorremos do Exército? É a certeza de que a obra será concluída no prazo certo. Tem muito mais previsibilidade, sem qualquer discriminação com as demais empreiteiras. E também fica mais barato, porque a mão de obra está aí. É isso que buscamos nas parcerias com o Exército.
Ao responder sobre os motivos que levam o governo a recorrer aos militares em determinadas obras.
A volta da Cristina Kirchner (candidata a vice na chapa com o peronista Alberto Fernández) ali (na Argentina), no meu entendimento, é que estará a Argentina no caminho da Venezuela. E nós não queremos nossos irmãos argentinos fugindo para cá. Nós queremos que nossos irmãos argentinos progridam, sejam prósperos e preservem o que é de mais importante, que é nossa liberdade. Torço para que a velha política do Foro de São Paulo, de Cristina Kirchner, de Dilma Rousseff, de (Hugo) Chávez, (Nicolás) Maduro e Fidel Castro, que já se foi, não volte a renascer na Argentina.
Endossando trecho do discurso no qual disse que o RS se tornaria uma nova Roraima, em caso de vitória da chapa de oposição nas eleições argentinas de outubro.
A falta de infraestrutura é pela roubalheira que tínhamos no Brasil. Quase assalto à mão armada. Olha o que aconteceu com a Petrobras, com fundos de pensões, com o BNDES, quase meio trilhão entregues para ditaduras e amigos do rei aqui dentro. Então, por isso faltou dinheiro aqui dentro. Pegamos um Brasil arrebentado econômica, moral e eticamente. E estamos tentando reconstruí-lo. Havendo recursos, vamos manter todas as obras vivas para que elas sejam concluídas.
Ao responder pergunta sobre a importância da zona sul do Estado e a falta de investimento em infraestrutura na região nos últimos anos.
Há anos o terminal de contêiner aqui no Paraná, se não me engano, não sai do papel porque precisa de um laudo ambiental da Funai. O cara vai lá e se encontrar — já que tá na moda — um cocozinho petrificado de índio, já era, não pode fazer mais nada ali. Temos que acabar com isso no Brasil, integrar o índio à sociedade e buscar o progresso pro nosso país.
Comentando resposta do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, a pergunta sobre investimentos no acesso ao porto de Rio Grande.
Não petralhar, não roubar, não acertar com empreiteiras escondidinho, não dar propina em caixa de não sei do que, não depositar dinheiro em paraíso fiscal... Basicamente é por aí. Eu tenho dito sempre, olha o que Israel não tem e olha o que eles são. Olha o que o Brasil tem e o que nós não somos. Não vou dizer que meu governo está imune à corrupção. Pode acontecer um caso? Pode. Mas, se acontecer, vai ser voadora no pescoço.
Respondendo a pergunta sobre o que o governo estaria fazendo de diferente para concluir obras que há anos não saem do papel.
Você quer que eu seja um vaselina? Um politicamente correto? Ou isentão? (...) A resposta é direta. Fui eleito assim, não vou fugir à minha característica, com todo respeito que eu tenha a todo mundo. E, quando eu falei a questão do cocô, foi uma resposta para uma pergunta idiota de um jornalista lá em Brasília. O idiota perguntou pra mim, depois de ter escutado que o mudo cresce 70 milhões de habitantes e o Brasil cresce pouco mais de dois milhões de habitantes por ano (...), eu respondi que é só você cagar menos que, com toda certeza, a questão ambiental vai ser resolvida. Isso que eu respondi para ele. Agora, não é compatível com o presidente? Vota em outro em 2022. É muito simples.
Quando questionado se as respostas com tom irônico às perguntas de jornalistas não contribuíam para acirrar a polarização no país.