BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal vai trocar o comando da superintendência no Rio de Janeiro. A mudança já estava sendo discutida na cúpula da PF, mas a corporação foi pega de surpresa pelo anúncio feito na manhã desta quinta-feira (15) pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).
A substituição vinha sendo planejada para as próximas semanas. A manifestação do presidente, porém, causou desconforto. Bolsonaro deu a entender que foi ele o responsável pela decisão da troca e que a mudança está relacionada ao desempenho da gestão atual.
A instituição, no entanto, descarta que tenha havido qualquer interferência.
Ricardo Saadi, atual chefe, será substituído por Carlos Henrique Oliveira, nome escolhido pelo diretor-geral da Policia Federal, Maurício Valeixo. Carlos Henrique é homem de confiança de Valeixo e já tinha sido promovido neste ano, quando virou superintendente de Pernambuco.
"Todos os ministérios são passíveis de mudança. Vou mudar, por exemplo, o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Motivos? Gestão e produtividade", afirmou Bolsonaro.
A Polícia Federal rebateu, em nota oficial, as declarações do presidente e negou que a troca de comando no Rio ocorra por problemas de desempenho da chefia.
"A Polícia Federal informa que a troca da autoridade máxima do órgão no estado já estava sendo planejada há alguns meses e o motivo da providência é o desejo manifestado, pelo próprio policial, de vir trabalhar em Brasília, não guardando qualquer relação com o desempenho do atual ocupante do cargo", disse a Polícia Federal na nota.
No texto, a PF confirmou o novo comandante do Rio.
"A substituição de superintendentes regionais é normal em um cenário de novo governo. De janeiro para cá, a PF já promoveu a troca de 11 superintendentes", afirmou.
A escolha de superintendentes, historicamente, é feita pelo diretor-geral da Polícia Federal, sem ingerência de ministros ou do próprio presidente. Por isso, o anúncio feito por Bolsonaro é atípico.
A PF do Rio passa por momento delicado, especialmente após o surgimento do caso Queiroz. Fabrício Queiroz, PM aposentado, é pivô da investigação do Ministério Público do Rio contra o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), primogênito do presidente.
A apuração começou após um relatório do governo federal ter apontado a movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão na conta do ex-assessor do filho do presidente na Assembleia Legislativa do Rio, de janeiro de 2016 a janeiro de 2017.
Esse caso especificamente não está com a PF, mas há investigações que podem envolver os mesmos personagens.
Essa é a segunda vez que a Polícia Federal se manifesta para negar ou esclarecer alguma declaração do governo.
Na primeira, no fim de julho, o órgão publicou uma nota oficial desmentindo a possibilidade de destruição do material encontrado com um suspeito de ter hackeado autoridades da Lava Jato.
Na época, a PF afirmou que caberia à Justiça, "em momento oportuno, definir o destino do material", contradizendo o ministro da Justiça, Sergio Moro, que ligou para pessoas públicas avisando que o material seria destruído.