O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou neste sábado (27) que não vê nada de errado em ter usado helicóptero da Presidência para transportar parentes ao casamento do filho Eduardo Bolsonaro em maio. Ele fez a declaração durante cerimônia de brevetação de novos paraquedistas, no 26° Batalhão de Infantaria Paraquedista, na Vila Militar, zona oeste do Rio de Janeiro.
— Eu vou responder. Eu fui a casamento do meu filho. A minha família ia comigo. Eu vou negar o helicóptero a ir para lá e mandar ir de carro? Não gastei nada além do que já ia gastar.
Antes da cerimônia, o presidente fez gestos de indignação dirigidos à imprensa e reclamou:
— Só fazem pergunta esquisita. Irã, OMC, Mercosul, futuro do Brasil, Forças Armadas. Ontem, lá (em Goiânia). Uma pergunta que pelo amor de Deus... — disse Bolsonaro.
O presidente já havia se irritado nesta sexta-feira (26), em Goiás, com pergunta feita pela Folha sobre uso de um helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB) por seus familiares para transportar convidados para o casamento do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, no Rio de Janeiro. Ele chamou o questionamento de idiota.
— Com licença, estou numa solenidade militar, tem familiares meus aqui, eu prefiro vê-los do que responder uma pergunta idiota para você. Tá respondido? Próxima pergunta — disse, interrompendo a pergunta antes mesmo de sua conclusão. — Eu vou falar de Brasil e de Goiás. Eu já sei a sua pergunta — concluiu.
Depois, o presidente não quis dizer se via incompatibilidade no uso ou se estava dentro da aeronave.
— Toda vez que eu viajo com o helicóptero, vão dois helicópteros comigo. Por que vocês não veem meu gasto mensal com o cartão corporativo? A minha preocupação é com o Brasil. Se eu errar, assumo meu erro e arco com as consequências. Até o momento, pelo que eu vejo, nada de errado aconteceu — disse o presidente.
Entenda
Um helicóptero da Presidência da República foi usado em maio para transportar convidados para o casamento do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, entre o aeroportos de Jacarepaguá (Bolsonaro tem residência no bairro vizinho, na Barra da Tijuca) e Santos Dumont (no Centro do Rio, próximo a Santa Teresa, onde ocorreu a cerimônia). Vídeos da ocasião foram divulgados em redes sociais por um sobrinho do presidente, Osvaldo Campos Bolsonaro.
A informação foi revelada na sexta-feira pelo site G1. De carro, o trajeto tem cerca de 35 km e levaria 35 minutos. Segundo o site, foram 14 minutos de voo na aeronave da FAB. Nas imagens que foram publicadas, é possível ver que o grupo de aproximadamente dez pessoas chegou de van à pista de embarque. No veículo estavam irmãs de Bolsonaro e o deputado federal Helio Lopes (PSL-RJ), o Helio Negão, amigo do presidente.
O governo alegou "razões de segurança" para autorizar o voo. Em nota, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) informou que, pela lei, é "responsável por zelar pela segurança do presidente e vice-presidente da República, bem como de seus familiares". Segundo o GSI, o procedimento adotado foi justificável e seguiu, "na íntegra, a legislação vigente".
"Por razões de segurança, o coordenador de segurança de área neste evento, exercendo competências contidas no decreto nº 4.332, de 12 de agosto de 2002, decidiu que o presidente da República e familiares fossem transportados em helicópteros da Força Aérea Brasileira", afirmou a pasta.