A Associação Brasileira de Imprensa divulgou nota oficial em que condena "ameaças e intimidações" a jornalistas. São citados os nomes de Miriam Leitão e do sociólogo Sérgio Abranches.
A jornalista e seu marido participariam da 13ª Feira do Livro de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, mas tiveram o convite cancelado após protestos nas redes sociais e um abaixo-assinado contrário à presença do casal.
Miriam Leitão é vista como oposicionista ao governo de Jair Bolsonaro, presidente que teve na cidade catarinense 83% dos votos válidos na última eleição.
"Para evitar que o evento fosse descontinuado, a gente optou por cancelar a vinda dela, infelizmente. Também pela segurança do evento e dela, sobretudo", afirmou o organizador.
A nota da ABI também cita o nome de Glenn Greenwald, alvo de protestos durante a Flip, em Paraty (RJ).
Paulo Henrique Amorim, morto no último dia 10, também é mencionado. No final de junho deste ano, o jornalista havia sido afastado do programa que apresentava na Record
"A radicalização de grupos político-ideológicos (...) representa um retrocesso civilizatório inaceitável para a democracia brasileira", diz a nota assinada pelo presidente da ABI, Paulo Jeronimo de Sousa, que chama os episódios de ofensa e intimidação de "atentados à liberdade de reunião e de expressão".
Leia a nota na íntegra
"Unidade contra ameaças e intimidações
Neste momento, em que crescem as ameaças e intimidações aos jornalistas e outros brasileiros, tendo como principais exemplos as sofridas por Glenn Greenwald, Míriam Leitão e Sérgio Abranches, acompanhadas de demissões e afastamento de profissionais, promovidas por veículos de comunicação, como a que ocorreu com Paulo Henrique Amorim, a ABI conclama os jornalistas, os democratas e as entidades da sociedade civil a se unirem para garantirmos o Estado Democrático de Direito.
A radicalização de grupos político-ideológicos, que se caracterizam, basicamente, pelo desprezo ao conhecimento e pela rejeição à diversidade, representa um retrocesso civilizatório inaceitável para a democracia brasileira.
É cada dia mais preocupante o crescimento da ousadia destes grupos, na maior parte das vezes, escondidos pelo anonimato das redes sociais. Agora, no entanto, decidiram sair das ofensas para a intimidação direta, com ameaças e ações públicas, como em Paraty.
Para a Casa do Jornalista, a utilização da Constituição Federal e dos demais instrumentos legais deve ser a forma de enfrentamento a estes atentados à liberdade de reunião e de expressão.
A ABI, juntamente com as demais entidades democráticas da sociedade civil, exige que o Estado brasileiro aja em defesa dos princípios fundamentais da nossa democracia, investigando e aplicando a lei contra os que ameaçam e intimidam participantes de reuniões pacíficas.
Paulo Jeronimo de Sousa
Presidente da ABI"