Uma semana após anunciar o responsável pelas finanças em sua gestão, o governador eleito Eduardo Leite (PSDB) apresentou nesta quarta-feira (5) seu principal articulador político. Como futuro chefe da Casa Civil, Otomar Vivian (PP) ficará encarregado das negociações com a Assembleia Legislativa para aprovação dos projetos de interesse do Piratini.
Embora a posse esteja marcada apenas para 1º de janeiro, Otomar já começou a trabalhar. Poucas horas após ser anunciado por Leite numa rápida entrevista coletiva na sede do PSDB, ele já estava na Assembleia conversando com deputados. Otomar se reuniu com a bancada do PP e, em seguida, com o presidente da Casa, Marlon Santos (PDT). A missão primordial do futuro secretário é neutralizar resistências à manutenção das atuais alíquotas elevadas do ICMS, cujo projeto vai à votação na última sessão do ano, em 18 de dezembro.
— Esse trabalho é fundamental, especialmente considerando a fragmentação das forças políticas. A Assembleia passa de 13 para 17 bancadas. Para isso, a gente tem que ter o conhecimento de quem tem bagagem e já foi prefeito, deputado e chefe da Casa Civil. Ele já se incorpora à equipe na transição, no esforço para garantirmos a aprovação daqueles projetos que lá estão, especialmente do ICMS — disse Leite.
Otomar estava afastado da gestão pública desde março, quando deixou a presidência do IPE após o PP sair do governo Sartori. Aos 65 anos, é considerado um dos mais experientes e cordatos quadros do partido, além de desfrutar de bom trânsito na Assembleia — casa que chegou a presidir.
Morando em Caçapava do Sul, ele estava em Porto Alegre na terça-feira quando recebeu um telefonema de Leite no início da tarde. A princípio, o tucano o convidou para uma conversa, mas logo o ofereceu a chefia da Casa Civil. Antes de aceitar, Otomar pediu um tempo para consultar à família. Entre a tarde de terça-feira e o início da madrugada de ontem, percorreu cerca de 600 quilômetros e voltou com o consentimento da mulher.
Telefonema para presidente do PP
Vivian não foi a primeira opção de Leite para o posto. Eleito deputado federal, Lucas Redecker (PSDB) havia sido sondado, mas na noite de segunda-feira teve uma conversa definitiva com o governador eleito, justificando que preferia assumir a vaga em Brasília.
Com o nome de Otomar na cabeça, Leite primeiro telefonou, no fim da manhã de terça-feira, para o presidente do PP, Celso Bernardi, perguntando se o partido validava o convite. Recebeu a resposta positiva de que Otomar estava acima de qualquer debate.
Apesar da vinculação partidária, o futuro secretário integra a cota pessoal de Leite no primeiro escalão, assim como o titular da Fazenda, Marco Aurélio Cardoso. O PP espera ficar com mais duas secretárias, pela cota partidária. O tucano viajou nesta quarta-feira (5) para São Paulo e retorna na sexta-feira à noite. Até lá, não deve haver novo anúncio.
Com mais de 30 anos de vida pública, esta será a terceira vez em que Otomar assume uma secretaria de Estado. Ele comandou a pasta de Administração e Recursos Humanos na gestão de Antônio Britto (MDB) e foi chefe da Casa Civil de Yeda Crusius (PSDB). Também foi prefeito, deputado estadual e três vezes presidente do IPE.