Com o anúncio nesta sexta-feira (30) do diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, almirante de esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior, como ministro de Minas e Energia, o presidente eleito Jair Bolsonaro alcançou 20 nomes confirmados para pastas do seu governo — o sexto militar. A previsão é que permaneçam 22 ministérios dos atuais 29. A seguir, veja o perfil de todos os indicados até agora.
NÚCLEO MILITAR
Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
Ministro – General Augusto Heleno
Influência política/carreira – Um dos principais conselheiros de Jair Bolsonaro (PSL). Inicialmente cotado para chefiar a Defesa, acabou sendo confirmado no GSI, que tem atuação mais próxima do gabinete presidencial.
Objetivos da pasta — Responsável pela segurança pessoal do presidente. Também responde pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), órgão que investiga eventuais ameaças à soberania nacional.
Ministério da Defesa
Ministro – General Fernando Azevedo e Silva
Influência política/carreira – Assim como Bolsonaro, formou-se pela Academia Militar das Agulhas Negras. Até receber o convite para chefiar as Forças Armadas, atuava como assessor especial do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli.
Objetivos da pasta — Em seu plano de governo, o presidente eleito afirmou que as Forças Armadas serão qualificadas e destacou que poderão atuar no combate ao crime organizado.
Secretaria de Governo
Ministro – General Carlos Alberto dos Santos Cruz
Influência política/carreira – Ex-colega de Bolsonaro no Exército, deverá atuar na interlocução com deputados e senadores. A equipe do futuro governo acredita que a escolha de um militar para a função poderá inibir parlamentares, evitando a troca de apoio a projetos por cargos.
Objetivos da pasta — A função da pasta ainda não foi definida. A expectativa é de atuação na interlocução com o Congresso, dividindo a missão com a Casa Civil.
Ministério da Infraestrutura
Ministro – Tarcísio Gomes de Freitas
Influência política/carreira – O ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) já atua na área do futuro ministério. Atualmente, é coordenador de projetos do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Freitas é engenheiro civil formado pelo Instituto Militar de Engenharia e capitão da reserva do Exército. Foi chefe da seção técnica da Companhia de Engenharia do Brasil na missão das Nações Unidas para a estabilização do Haiti. Também atuou como coordenador-geral de auditoria da área de Transportes da CGU.
Objetivos da pasta — A nova pasta vai agregar as funções do atual Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. O futuro ministro estará à frente de leilões de 12 aeroportos e da Ferrovia Norte-Sul.
Ministério de Minas e Energia
Ministro – Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior
Influência política/carreira – Diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, começou a carreira nas Forças Armadas em 1973
Objetivos da pasta — Formular políticas públicas para os recursos minerais e energéticos, energia hidráulica, mineração e petróleo, combustível e energia elétrica.
SUPERMINISTROS
Ministério da Economia
Ministro – Paulo Guedes
Influência política/carreira – Responsável pelo plano econômico do futuro governo, recebeu carta branca de Bolsonaro para compor sua equipe.
Objetivos da pasta — Serão priorizadas as privatizações e a ampliação de acordos comerciais bilaterais, em especial com os Estados Unidos. O ministério ainda assumirá as funções do Planejamento e da Indústria e Comércio Exterior.
Ministério da Justiça e Segurança Pública
Ministro – Sergio Moro
Influência política/carreira – Ex-juiz da Operação Lava-Jato, foi convidado para integrar o governo de Bolsonaro por sua imagem de combate à corrupção. Tem liberdade para formar sua equipe, tendo escolhido diversos delegados da Polícia Federal (PF) como assessores.
Objetivos da pasta — Combate à corrupção e ao crime organizado. Estão no radar da pasta a defesa da redução da maioridade penal e a flexibilização do porte de armas.
COTA DE BANCADAS TEMÁTICAS
Ministério da Saúde
Ministro – Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS)
Influência política/carreira – Amigo do futuro ministro da Casa Civil, deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), o médico ortopedista foi indicado pela Frente Parlamentar da Saúde. Sua nomeação tem o objetivo de garantir o apoio dos parlamentares que formam a bancada temática. É crítico à atuação de cubanos no programa Mais Médicos.
Objetivos da pasta — Deverá propor a criação de uma carreira de Estado para médicos, além da informatização dos prontuários de pacientes.
Ministério da Agricultura
Ministra – Tereza Cristina (DEM-MS)
Influência política/carreira – À frente da bancada ruralista no Congresso, foi indicada em troca do apoio do grupo a propostas do futuro governo. Segue a aposta de Bolsonaro de não negociar com caciques partidários, mas com líderes de setores.
Objetivos da pasta — Entre as principais pautas, estão a defesa da propriedade rural, a redução do que a futura ministra classifica como "indústria das multas", a agilização na concessão de licenças e a ampliação de acordos comerciais.
TÉCNICOS
Ministério da Transparência
Ministro – Wagner Rosário
Influência política/carreira – Atual ministro de Michel Temer, seguirá no cargo no futuro governo. É auditor federal de Finanças e Controle desde 2009. Graduado em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras, já atuou como oficial do Exército.
Objetivos da pasta — A pasta trabalha em ações de transparência na gestão, defesa do patrimônio público e prevenção e combate à corrupção.
Advocacia-Geral da União (AGU)
Ministro – André Luiz de Almeida Mendonça
Influência política/carreira – Assessor especial da Controladoria-Geral da União (CGU), é servidor de carreira da AGU. Tem conhecimento sobre acordos de leniência.
Objetivos da pasta — A pasta representa a União perante a Justiça, além de fornecer consultoria e assessoramento jurídica ao Poder Executivo.
Banco Central
Presidente – Roberto Campos Neto
Influência política/carreira – Indicado pelo futuro ministro da Economia, Campos Neto atuava na iniciativa privada. Assim como Paulo Guedes, passou pela Universidade de Chicago, considerada templo do liberalismo. Ele ainda passará por sabatina da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado antes de assumir o cargo.
Objetivos da pasta — Responsável pelas ações de controle da inflação e estabilidade do sistema financeiro do país. Bolsonaro afirma que o órgão terá o status de ministério mantido até o Congresso aprovar sua autonomia.
Ministério do Desenvolvimento Regional
Ministro – Gustavo Henrique Rigodanzo Canuto
Influência política/carreira – Atual secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, Canuto é servidor efetivo do Ministério do Planejamento e não tem filiação partidária. De acordo com Bolsonaro, Canuto foi escolhido por sua "ampla experiência".
Objetivos da pasta – O novo ministerio deve reunir os atuais ministérios das Cidades e de Integração Nacional. Se assumir todas as atribuições das pastas que serão extintas, Canuto deverá gerir programas importantes como Minha Casa Minha Vida, de habitação, e ações relacionadas a obras contra a seca e infraestrutura hídrica.
INDICAÇÕES PESSOAIS
Ministério da Ciência e Tecnologia
Ministro – Marcos Pontes
Influência política/carreira – Tenente-coronel da reserva da Força Aérea e engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), foi chamado para compor o futuro governo pela representatividade de ter sido o primeiro astronauta brasileiro.
Objetivos da pasta — Deverá atuar na busca de parceria com empresas, na atração de investimentos do Exterior na área de inovação e para tornar o Brasil um centro de pesquisa e desenvolvimento em grafeno e nióbio, materiais de alta resistência que poderão ser utilizados na indústria nacional.
Casa Civil
Ministro – Onyx Lorenzoni (DEM-RS)
Influência política/carreira – Um dos responsáveis pela campanha exitosa de Bolsonaro à Presidência. Desde a vitória nas urnas, tomou a dianteira das articulações políticas. A concentração de poder em suas mãos é criticada por parte dos aliados do futuro presidente. O fato explica a nomeação de um militar para a Secretaria de Governo, o que equilibraria a divisão de forças na relação entre civis e militares no Planalto.
Objetivos da pasta — Também deverá atuar na interlocução com deputados e senadores. Rodeado por militares, a expectativa é que tenha um número menor de atribuições do que o inicialmente previsto. Ministérios que ficariam sob sua supervisão deverão ter o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão (PRTB), como responsável.
Ministério das Relações Exteriores
Ministro – Ernesto Araújo
Influência política/carreira – Indicado pelo filósofo de extrema-direita Olavo de Carvalho, atua no Itamaraty como diretor do Departamento de Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos. É crítico ferrenho ao PT e à globalização, além de admirador da política do presidente norte-americano, Donald Trump.
Objetivos da pasta — Deverá aproximar o Brasil de países como Estados Unidos, Itália e Israel, apostando em acordos bilaterais. Expectativa é de que o Mercosul perca espaço no novo governo.
Secretaria-Geral da Presidência
Ministro – Gustavo Bebianno
Influência política/carreira – O advogado é um dos assessores mais próximos a Bolsonaro. Foi encarregado de assumir a presidência do PSL durante a campanha. Atuará em seu primeiro cargo público.
Objetivos da pasta — Deverá ficar responsável pela Secretaria de Comunicação (Secom) e pelo Programa de Parcerias de Investimento (PPI).
Ministério da Educação
Ministro – Ricardo Vélez Rodríguez
Influência política/carreira – Segundo nome indicado pelo pensador de extrema-direita Olavo de Carvalho, tem discurso afinado com Bolsonaro, é crítico ao PT e ao Enem. Elogia o golpe militar de 1964 e o projeto Escola Sem Partido. Foi escolhido depois que a bancada evangélica do Congresso vetou o nome de Mozart Neves Ramos, não alinhado a bandeiras conservadoras.
Objetivos da pasta — O principal objetivo do novo governo será melhorar a performance do ensino no país em avaliações. O combate à "doutrinação em sala de aula" também é citado constantemente.
Ministério do Turismo
Ministro – Marcelo Álvaro Antônio
Influência política/carreira – Eleito deputado federal pelo PSL em outubro, com a maior votação de Minas Gerais e é presidente do partido de Bolsonaro no Estado. Recebeu o apoio do segmento empresarial do setor no país, além da Frente Parlamentar em Defesa do Turismo.
Objetivos da pasta – O prório indicado disse que terá de se relacionar com diversas pastas, como Justiça – que englobará Segurança Pública –, Meio Ambiente, e Ciência e Tecnologia, para um planejamento integrado de ações. O futuro ministro disse que agora se dedicará a analisar os dados do Turismo e realizar um diagnóstico. Ele também defendeu que a área deve ajudar a "recolocar o Brasil na rota do desenvolvimento".
Ministério da Cidadania
Ministro – Osmar Terra
Influência política/carreira – Médico com mestrado em Neurociência, o porto-alegrense de 68 anos é deputado federal. O emedebista já cuidou da área social no governo Temer ao comandar o atual Ministério do Desenvolvimento Social até abril deste ano, quando foi exonerado para disputar a eleição.
Objetivos da pasta – Vai contemplar as funções desenvolvidas atualmente pelas pastas de Desenvolvimento Social, já chefiada por Terra, além de Esporte e Cultura. As áreas de Direitos Humanos e a Secretaria das Mulheres devem ficar em outra pasta, de acordo com o deputado federal. Terra disse que o foco na área social será qualificar o programa Bolsa Família e mencionou o pedido de Jair Bolsonaro para a instituição de um 13º salário para o benefício.