A Câmara foi responsável por pagar as despesas com passagem área, hotel, transporte e alimentação de deputados petistas que vieram ao julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Porto Alegre. De acordo com reportagem divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, na manhã desta terça (7), 12 dos 57 deputados do partido pediram reembolso por despesas que, no total, somam R$ 21,6 mil.
Os custos foram pagos como “cotão”, verba mensal destinada a gastos com o mandato. O benefício, que varia entre R$ 39,5 mil e R$ 44,6 mil, pode ser utilizado para atividades partidárias, mas não para fins eleitorais, o que não seria o caso da viagem para acompanhar o julgamento no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).
A maioria dos deputados pediu ressarcimento apenas da passagem aérea, caso de Givaldo Vieira (ES), João Daniel (SE), Leonardo Monteiro (MG), Vicentinho (SP) e Zé Geraldo (PA). Houve quem teve só a hospedagem paga, como a deputada Benedita da Silva (RJ), e os que solicitaram ressarcimento da alimentação, entre eles, os deputados gaúchos Pepe Vargas e Bohn Gass, que almoçaram por conta da Câmara em 24 de janeiro.
Alguns parlamentares pediram reembolso de praticamente todas as despesas. Foram os casos dos deputados Zé Carlos (MA) e Leo de Brito (AC). Eles tiveram os custos com passagem, alimentação e transporte pagos pela Câmara entre 22 e 24 de janeiro. Leo de Brito chegou a pedir reembolso de compra de R$ 48,36 em loja de chocolates no aeroporto.
Contrapontos
Os deputados João Daniel (SE), Benedita da Silva (RJ), Givaldo Vieira (ES), Zé Geraldo (PA), Pepe Vargas (RS) e Leonardo Monteiro (MG), todos do PT, disseram que pediram reembolso de seus gastos à Câmara porque estavam cumprindo atividade parlamentar em Porto Alegre, ao serem convocados para uma reunião da bancada realizada no dia 23 de janeiro – véspera do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no TRF-4.
O deputado Léo de Brito (AC) admitiu que as atividades em que participou na capital gaúcha foram de caráter político e afirmou que entende que, ao participar de atos dessa natureza, está no exercício de seu mandato.
O parlamentar Bohn Gass (RS) afirmou que estava trabalhando em seu escritório parlamentar em Porto Alegre no dia do julgamento do ex-presidente Lula. De acordo com Gass, nessa data, o parlamentar pediu o reembolso de R$ 24 referente ao almoço em um restaurante localizado a 50 metros de seu escritório e a 1,9 quilômetros da sede do tribunal.
Já o deputado Pedro Uczai (SC) informou que pagou todas as despesas da viagem e que o único pedido de ressarcimento, de um almoço de R$ 39,40 em 24 de janeiro, foi um engano de seus assessores. Ele enviou comprovante de transferência do valor para os cofres da Casa.
Os demais deputados petistas não responderam ao contato. O deputado Zeca Dirceu (PR) e sua assessoria não foram localizados pela reportagem.