Depois de um rápido discurso durante almoço com membros da Frente Parlamentar Mista de Comércio, Serviços e Empreendedorismo, o presidente Michel Temer evitou a imprensa, mas acenou negativamente quando questionado se já considerava que o PSDB deixou a base aliada. Temer saiu fazendo sinal de positivo e, quando jornalistas questionaram se o gesto significava que os tucanos haviam saído do governo, o presidente parou e energicamente fez o sinal de negativo com os dedos.
Mais cedo, em café da manhã com jornalistas, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que o PSDB "não está mais na base de sustentação do governo federal".
— O PSDB já disse que vai sair. Nós vamos fazer de tudo para manter a nossa base de governo e um projeto único de poder para 2018 — afirmou Padilha que, entretanto, não quis declarar se o presidente vai mesmo substituir os ministros tucanos. — Uma coisa é um ministro que está no governo representando um partido. Outra coisa é o presidente manter alguém como representante de sua cota pessoal — disse.
No almoço, estavam presentes o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e alguns ministros, entre eles o tucano Antonio Imbassahy. Na saída, Imbassahy também evitou falar com a imprensa e disse que não comentaria nenhum tipo de assunto.
O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), que na semana passada foi apontado como substituto de Imbassahy, também estava no evento e afirmou que, se Temer quiser que ele assuma a vaga da articulação, estará "à disposição" e que essa é uma decisão apenas de Temer.
— O presidente está avaliando se a mudança será positiva — disse, ressaltando que ele está trabalhando normalmente como parlamentar. — Inclusive, voltando para a CPI da JBS.
Segundo Marun, independentemente da saída ou não do PSDB, o governo conta com o partido para a aprovação a reforma.
Discurso
Durante sua fala, Temer repetiu o discurso que vem sendo feito praticamente em todos os eventos. Afirmou que o governo está fazendo as reformas para colocar o país no século 21 e que, com o "diálogo" com o Congresso, chegou-se "à ideia de que o Executivo governa com o Legislativo".
Temer disse ainda que a reforma da Previdência vai fechar um ciclo de reformas importantes para o país, que ela vai atingir privilégios e que não se trata de uma proposta apenas de seu governo.
— Não é uma reforma minha, do governo, mas é do país — disse.
O presidente disse ainda que não foi fácil levar adiante a modernização trabalhista e que muitos que antes criticavam a medida de "forma equivocada" hoje estão "comemorando".
O evento desta quarta-feira não constava na agenda inicial da Presidência, mas, após receber o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, no Planalto, Temer decidiu participar.