O presidente de Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse, nesta quinta-feira (30), que faltam "muitos votos" para que seja possível aprovar a reforma da Previdência.
— A gente está tentando construir o texto em cima dos 308 votos (apoio necessário para aprovação). Mas a gente sabe que estamos muito longe disso ainda, muito longe mesmo — disse, após palestrar em um evento promovido pelo banco J.P. Morgan, em São Paulo.
Na avaliação de Maia, nos últimos meses, o governo perdeu força no Congresso, especialmente devido às denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer.
— A gente sabe das dificuldades. A base do governo passou por duas votações de denúncia, com desgaste muito grande. Tem aqueles que, mesmo compreendendo a importância da votação, não confirmaram que podem votar com a matéria — destacou.
Para ele, falta apoio de partidos que integram o governo, como PSD e PR.
Articulação
Para tentar conseguir os votos para aprovar a reforma, Maia disse que vai se empenhar, junto com o governo, nas articulações com os deputados.
— No domingo (3), o governo vai fazer uma reunião. Eu vou participar com os líderes, com os ministros, e vamos tentar construir um caminho. A nossa responsabilidade no Brasil é muito grande. A reforma da Previdência, diferentemente do que a oposição vende, não tira nenhum direito do trabalhador pobre — disse.
O presidente da Câmara atribuiu parte das dificuldades enfrentadas atualmente a erros de comunicação cometidos no lançamento da proposta.
— Essa comunicação foi malfeita no início e, de alguma forma, contaminou a votação neste momento — enfatizou.
Apesar do cenário desfavorável, Maia acredita que seja possível convencer os deputados a mudar de posição em pouco tempo.
— O Brasil é um país em que as coisas mudam muito rápido: em um dia você tem uma visão de um tema, no outro, muda tudo. Eu tenho uma esperança muito grande de que a gente consiga reverter essa impressão das pessoas de que a Previdência vai tirar votos, vai prejudicar as pessoas que ganham menos.