A ameaça de deputados do PT de pedir a convocação do ministro Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, e outros nomes ligados ao PMDB, como o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), gerou reação do presidente da CPI da JBS, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), nesta terça-feira (10). Em reposta, o tucano disse que também colocaria em pauta requerimentos para convocar os ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.
— O senhor não vai me intimidar com esse tipo de postura. Se o senhor quiser fazer esse requerimento, o senhor faça — disse o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) durante depoimento da ex-presidente da Caixa Maria Fernanda Ramos Coelho.
O petista anunciou a intenção de ouvir nomes do PMDB após a ex-presidente da Caixa afirmar que cargos em vice-presidências do banco eram de indicação do partido do presidente Michel Temer (PMDB). Moreira e Geddel foram diretores da Caixa durante as gestões petistas no governo federal.
Pimenta também anunciou que faria requerimento para convocar o ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto, ligado a Cunha, e o corretor financeiro Lúcio Funaro, suspeito de ser operador de propinas do PMDB. Ambos firmaram acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal.
— Vamos fazer uma sessão para valer, para aprofundar essa questão da Caixa Econômica Federal — disse Pimenta.
Ataídes justificou sua reação ao citar um acordo entre integrantes da comissão para não ouvir políticos num primeiro momento.
— Ficou acertado que não mudássemos o foco do nosso objetivo. Ficou previamente acertado que ouviríamos políticos num segundo momento — disse o presidente da CPI.
Um dos sub-relatores da comissão, o deputado Delegado Francischini (SD-PR) também defendeu aumentar a lista de convocados na CPI.
— Se vamos ouvir os citados nas delações, temos que ouvir também o ex-ministro Mantega e o ex-ministro Palocci. Se vamos nesse caminho já de início, temos que ouvir todos, pois todos estão citados — disse Francischini.
Da lista inicial de convocados ou convidados a prestar depoimento à CPI, cerca de 80% são ligados ao MPF ou ao grupo J&F. Apesar das ameaças de lado a lado, após mais de um mês de funcionamento da comissão, nenhum político foi chamado a prestar esclarecimento.