Os procuradores da República que trabalham na Operação Lava-Jato em Porto Alegre concluíram a análise da investigação relacionada ao ex-governador Germano Rigotto (PMDB). Conforme o Ministério Público Federal (MPF), não foi encontrado indício de crime de corrupção de competência da Justiça Federal que tenha sido praticado pelo peemedebista.
O MPF também considerou que Rigotto não exerce cargo público federal desde o final de 2002 (quando era deputado federal), antes, portanto, da suposta doação ilegal da Odebrecht – que teria ocorrido em 2010. No entanto, o caso foi encaminhado à Justiça Eleitoral para exame de suposto crime de caixa 2.
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O episódio envolvendo Rigotto surgiu a partir da delação premiada do ex-executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar.
– Em 2006, quando ele se candidatou à reeleição, nós doamos para ele R$ 100 mil, que era padrão que nós tínhamos para essa faixa de governadores. Foi isso que a Braskem doou para ele de forma legal. Ele não se elegeu. Depois, ele procurou a Braskem, e a Braskem o contratou como consultor, principalmente por esse viés que ele tinha na questão tributária – destacou Alexandrino em depoimento.
Mas, segundo o delator, foi feita uma doação, via caixa 2, para a campanha do peemedebista ao Senado, em 2010.
– Essa doação foi acima do estabelecido, eu não me recordo, não me lembro quanto era estabelecido para o Senado, mas acho que era R$ 70 mil a R$ 80 mil, e nós demos R$ 100 mil pelo relacionamento que tínhamos com ele, com o trabalho dele. E, pela proximidade que se tinha com o grupo, demos R$ 100 mil via caixa 2 – disse Alexandrino.
O ex-governador ficou satisfeito com a conclusão do MPF e garante que o caso também será arquivado na Justiça Eleitoral.
– Eu tinha absoluta certeza que não tinha problema nenhum. O que pode ter acontecido é a doação ter passado pelo diretório nacional do PMDB ao diretório estadual e, depois, para a minha conta de campanha. Mas não que não tenha sido declarado. Tudo foi declarado. A Justiça Eleitoral sempre analisou as minhas contas e nunca houve problema nenhum – sustenta Rigotto.
A investigação resultante das delações da Odebrecht relacionadas a Rigotto e outros políticos gaúchos começou tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF). Posteriormente, casos sem prerrogativa de função perante o STF foram encaminhados aos Estados.