Análise feita pela Receita Federal indica que o dono do apartamento vizinho ao de Lula, o empresário e engenheiro Glaucos da Costamarques, não tinha renda para comprar um terreno que seria destinado ao Instituto Lula nem o imóvel ao lado ao do ex-presidente e que há fortes indícios de que ele seja um laranja, segundo a Folha de S.Paulo.
Costamarques comprou o apartamento e os direitos do terreno em 2010: teria pago R$ 504 mil pela cobertura vizinha à de Lula e R$ 6,6 milhões pelo terreno. Nesse ano ele registrou um prejuízo de R$ 3.800 em atividades rurais, e seus rendimentos foram de R$ 57,2 mil (média mensal de R$ 4.800), segundo a análise fiscal.
Ainda de acordo com a Folha, a Receita suspeita de três das principais fontes de recursos de Costamarques: dois empréstimos feitos pelos dois filhos, num total de R$ 1,66 milhão, e R$ 800 mil pagos por uma construtora de Salvador, a DAG, que era usada pela Odebrecht para distribuir propina, conforme relato da empresa em sua delação.
A análise fiscal faz parte da ação penal em que Lula e Costamarques são réus. A suspeita em torno do ex-presidente é que ele tenha se beneficiado do apartamento sem pagar aluguel - o que Lula nega enfaticamente. O instituto preferiu outra área para abrigar a sua sede.
O advogado de Lula afirma que o empresário não é laranja. Cristiano Zanin Martins diz que Glaucos da Costamarques é o proprietário do apartamento locado à Marisa, esposa de Lula, e que há provas de que ele comprou o imóvel com recursos próprios, por meio de três cheques administrativos emitidos de sua conta bancária. O advogado de Costamarques não foi localizado pela Folha.