O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), defendeu nesta terça-feira (22) que os deputados tucanos insatisfeitos com sua gestão na sigla procurem o senador Aécio Neves (MG), licenciado da presidência da legenda, para pedir sua saída do cargo. Jereissati voltou a dizer que não vai entregar o posto e negou que esteja fazendo prevalecer suas convicções na direção.
– Eles que vão ao Aécio e digam: tira o homem que ele não nos representa. E provem que são majoritários. É tão fácil. Se não tivesse um presidente efetivo, tivesse que ir para a executiva, aí seria mais complicado. No nosso caso é "simplérrimo". Estou consciente de que sou interino. Então, para deixar a presidência e a interinidade, não precisa de nenhum tipo de articulação, pressão, nada disso. É um ato puro e simples do presidente efetivo, que ele faz e pronto. Não depende de mim e de mais ninguém. Só do presidente efetivo – argumentou o cearense.
Leia mais
Entenda o que está por trás da crise interna do PSDB em sete tópicos
Ciro Gomes: "Polarização PT-PSDB reduziu o país a uma disputa mesquinha"
Propaganda do PSDB admite que partido "errou" e provoca críticas internas
Pouco mais de uma dezena de deputados federais do PSDB se reuniu na segunda-feira, em jantar de mais de quatro horas, para deliberar sobre o "comportamento" de Jereissati. Os parlamentares pró-governo decidiram que vão pedir a "correção" ou "substituição" do senador do comando da legenda, e dizem ter a chancela do governador de Goiás, Marconi Perillo, e dos ministros Bruno Araújo (Cidades) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo).
Em almoço no Senado, aparente normalidade
Jereissati garante ter o apoio de Perillo, um dos cotados para assumir a presidência do PSDB:
– Ele me telefonou hoje (terça-feira) dizendo que não tem nada a ver com isso, não concorda com isso de maneira nenhuma.
Nesta terça, durante almoço da bancada do Senado, os presidentes interino e afastado da legenda sentaram-se lado a lado, mas não falaram sobre mudança no cargo. Com reunião prevista para quinta-feira (24) entre os 27 chefes de diretórios estaduais, na qual será definido calendário de convenções da sigla, a intenção de Aécio é tirar o assunto da imprensa e concentrar forças nas medidas de reestrutução do partido e na articulação para escolha do candidato ao Planalto em 2018.
Leia também
Tucanos criticam propaganda em que PSDB afirma que "errou"
Nota do PSDB paulistano abre nova crise no partido
Apoio ao Planalto no centro do debate
Ainda na segunda-feira, o deputado Marcus Pestana (MG) disse que Jeireissati deveria ter a "grandeza" de renunciar. Nesta terça, antes do almoço no Senado, o colega de Câmara Rogério Marinho (RN) afirmou que o presidente interino tem tornado pública posição distinta da majoritária.
– Desde aquela reunião ampliada da executiva, começou esse comportamento. O partido decide uma coisa e, em público, o porta-voz se posiciona de maneira diferente – acusou Marinho.
– Não sei do que ele está falando. A gente sempre está fazendo reuniões com as maiores lideranças do partido, com toda certeza, coordenadas com a maioria do partido – rebateu Jereissati, defensor de que os quatro ministros da legenda deixem seus cargos no governo de Michel Temer.
O senador ironizou os pedidos para que entregue o posto:
– Nunca me falaram nada. Espero que venham falar comigo. Se estão falando por trás, venham falar pela frente. Nunca me procuraram, nem por nota, nem bilhete, nem cartão postal, nem em telefonema, nem WhatsApp.
O presidente interino do PSDB ainda minimizou qualquer possibilidade de se desfiliar da legenda diante do racha.
– Não saio. Aécio assumindo, não assumindo, não saio. Minha vida foi dedicada a esse partido, fui presidente nos primórdios da sigla. Se tiver alguma diferença a ser discutida, a gente discute democraticamente – argumentou.
A crise interna no partido cresceu após programa partidário tucano, veiculado em cadeia de rádio e TV na última semana (clique aqui para entender o histórico da polêmica), fazer autocrítica sobre posicionamento do PSDB em relação ao que chama de "presidencialismo de cooptação". No vídeo de 10 minutos, a sigla diz que "errou" em ceder ao fisiologismo. A publicidade irritou o Planalto. Jereissati assumiu responsabilidade pela peça, mas disse que consultou lideranças como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.