Deputado federal em terceiro mandato, Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) foi o autor do parecer aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara que recomendou a rejeição da denúncia contra o presidente Michel Temer pelo crime de corrupção passiva. O nome de Abi-Ackel foi escolhido após o parecer original, do relator Sergio Zveiter (PMDB-RJ), ter sido rejeitado pela comissão.
Abi-Ackel é advogado e chegou a ocupar uma cadeira no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais por dois anos antes de ser eleito deputado pela primeira vez. Apesar da maioria dos tucanos na CCJ ter votado contra Michel Temer, Paulo é aliado do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que defende a permanência do PSDB no governo. É filho do ex-ministro da Justiça do governo João Figueiredo, na ditadura militar, Ibrahim Abi-Ackel.
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Em 1985, um escândalo envolveu o pai do deputado. Um carregamento de pedras preciosas foi apreendido pela alfândega do aeroporto de Miami – e o portador, um cidadão americano morador de Anápolis (GO), não conseguir comprovar ser dono da carga. O nome de Ibrahim surgiu quando foi chamado para advogar em defesa do verdadeiro dono das pedras e acabou apontado como um dos responsáveis pela carga – a informação foi revelada em entrevista à TV Globo e as relações entre a emissora e o ex-ministro eram tensas. Ibrahim não foi em nenhum momento citado por dar cobertura ou como responsável direto pelo tráfico.
A família voltou ao noticiário em 2005. Ibrahim foi relator da CPI do Mensalão, frustrada tentativa da base aliada de Lula em segurar as revelações da CPI dos Correios. À época, admitiu que em 1998 sua campanha e a do filho, Paulo, receberam R$ 150 mil das empresas de Marcos Valério via caixa 2.
Recusou-se, porém, a deixar o cargo depois da confissão, culpando o então presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), pela transferência dos recursos. A comissão terminou sem relatório final.