Ricardo Mesquita, executivo da Rodrimar, empresa que atua no porto de Santos, disse que Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor de Michel Temer, era o interlocutor entre o presidente e o setor privado. A informação foi repassada no depoimento de Mesquita à Polícia Federal (PF) no inquérito que investiga Temer. As informações são da revista Época.
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O executivo disse que pediu ajuda a Loures para resolver problemas do setor portuário. A fala de Mesquita reforça o entendimento da força-tarefa da Operação Lava-Jato de que Rocha Loures, flagrado pela PF recebendo mala com R$ 500 mil, agia como representante de Temer.
Em maio, Temer recebeu ligação de Loures, que estava grampeado. Na conversa, o ex-deputado buscava saber sobre a assinatura de decreto referente aos portos em conversa que durou pouco mais de dois minutos. O presidente informou ao parlamentar que iria assinar o decreto na outra semana. Depois de falar com Temer, Rocha Loures passou a informação, também por telefone, a Mesquita.
No depoimento à PF, o executivo da Rodrimar disse que conheceu Rocha Loures em 2003. Na época, o ex-deputado era assessor da Vice-Presidência, ocupada então por Temer. Mesquita foi orientado para conversar com Loures, que falava por Temer. As conversas entre Mesquita e Loures teriam se intensificado com o peemedebista na Presidência. O executivo da Rodrimar tratava com Rocha Loures sobre atualizações na tramitação do novo marco regulatório do setor portuário.
Conforme a publicação, Rocha Loures indicou a Ricardo Saud, executivo da JBS, o nome de Mesquita para receber pagamento de propina, mas Saud recusou a proposta. No dia 28, Rocha Loures encontrou-se com Saud em uma pizzaria em São Paulo para receber R$ 500 mil em dinheiro. A transação foi filmada em operação controlada da PF. Após receber o dinheiro, o ex-parlamentar pediu para Mesquita ir até a pizzaria. O executivo da Rodrimar disse que não conseguiu encontrar Rocha Loures na data, pois foi até outra unidade da pizzaria. Mesquita afirmou à PF que "nunca participou de operações envolvendo a atividade de apanhar valores em espécie no interesse de agentes políticos".
Contrapontos
Segundo a Época, a defesa de Rocha Loures não falou sobre o caso, pois ainda não teve acesso ao depoimento.
Por meio de nota, Palácio do Planalto disse que Rocha Loures, que na época era assessor parlamentar, cuidava de temas em tramitação no Congresso. O comunicado também informa que o então vice-presidente Michel Temer ajudou na discussão e aprovação da medida provisória dos portos a pedido do governo Dilma.