A Polícia Federal (PF) prendeu nesta terça-feira (23) o ex-vice-governador de Brasília, Tadeu Filippelli (PMDB), atual assessor especial do presidente Michel Temer, e os ex-governador José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT) na Operação Panatenaico, por suspeita de desvios milionários em obras do estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília.
A rede criminosa superfaturou quase R$ 900 milhões durante a construção do estádio – o mais caro da Copa do Mundo de 2014, que foi orçamentado em R$ 600 milhões, mas teve um custo final de 1,5 bilhão, indicou a PF.
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Segundo a investigação, o estádio Nacional Mané Garrincha foi o único que não contou com o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ao contrário, recebeu empréstimos da agência de desenvolvimento da cidade, Terracap, que assumiu assim uma função "não prevista no papel de suas atividades".
"Em razão da obra do Mané Garrincha, a arena mais cara de toda a Copa de 2014, foi realizada sem estudos prévios de viabilidade econômica. A Terracap [...] se encontra em estado de iminente inadimplência", assinalou a Polícia Federal.
O Palácio do Planalto já encaminhou para o Diário Oficial da União a portaria de exoneração de Filippelli, que será publicada na edição desta quarta-feira (24). Desde cedo, auxiliares da Casa Civil estavam na expectativa do que seria feito com o auxiliar direto do presidente. Assim que Michel Temer chegou ao Planalto, este foi o primeiro ato dele.
A prisão de um novo ocupante do terceiro andar no Palácio do Planalto, com gabinete a poucos metros do presidente Temer, é mais uma grande preocupação para o governo. Esta operação da Polícia Federal atinge o coração do Planalto e também Temer. Assessores avaliam que não há como negar.
Nome da operação
A operação foi batizada de Panatenaico, em referência a um estádio usado em competições anteriores aos Jogos Olímpicos, na Grécia Antiga, que foi remodelado para mudar seus assentos de madeira por outros de mármore.
As investigações sobre a corrupção sistêmica na política têm como alvo o próprio presidente Temer, a quem o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou abrir um inquérito depois que o empresário Joesley Batista o gravou durante uma conversa em que foram mencionados diversos crimes, como a suposta compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha.
Cerca de 80 policiais foram divididos em 16 equipes e cumprem cinco mandados de busca de apreensão, 10 mandados de prisão temporária além de três conduções coercitivas. As medidas judiciais foram determinadas pela 10ª Vara da Justiça Federal no DF. Todas as ações ocorrem em Brasília e nas proximidades.