Desde que tomou posse, em maio do ano passado, o presidente Michel Temer (PMDB) coleciona recuos. O último ocorreu nesta quinta-feira (25), quando o peemedebista revogou o decreto que autorizava o emprego das Forças Armadas em Brasília, após o quebra-quebra nos protestos de quarta-feira (24).
Confira balanço dos 12 principais recuos em 12 meses de governo:
1) Temer assumiu a Presidência, em maio de 2016, com a promessa de reduzir o número de ministérios para algo em torno de 20. A necessidade de abrigar aliados, no entanto, fez com que ele voltasse atrás algumas vezes nesse quesito. Quando tomou posse, Temer excluiu nove pastas, indo de 32 para 23 ministérios. Alguns dias depois, após protesto da classe artística, o peemedebista editou Medida Provisória recriando o Ministério da Cultura. Hoje, são 28 ministérios.
2) A posse de Temer também foi marcada pela ausência de mulheres no primeiro escalão. Quatro dias após a cerimônia, depois de receber uma série de críticas, o presidente anunciou o nome da primeira mulher a integrar sua equipe: Maria Silvia Bastos Marques foi a escolhida para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
3) A nomeação do advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira para o Ministério da Justiça, em um eventual governo Temer, era dada como certa. Tanto que o amigo do peemedebista vinha concedendo entrevistas como se ministro fosse. As falas do advogado – com críticas às delações premiadas na Lava-Jato, por exemplo – geraram constrangimento para Temer, que desistiu de nomeá-lo.
4) Com receio de vaias, Temer não iria participar do velório das vítimas do acidente com o avião da Chapecoense na Arena Condá. A assessoria do Palácio do Planalto havia informado que o presidente só participaria de uma breve cerimônia no aeroporto. A informação pegou mal. Familiares das vítimas reclamaram da "falta de respeito" e Temer acabou comparecendo ao velório no estádio.
5) Após enxurrada de críticas nas redes sociais, o Palácio do Planalto decidiu cancelar, no final do ano passado, a licitação para abastecer o avião presidencial com encomendas de alimentos orçadas em R$ 1,75 milhão, entre eles 500 potes de sorvete da marca norte-americana Häagen-Dasz.
6) Durante um evento em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o presidente cometeu gafe ao afirmar ter "convicção do quanto a mulher faz pela casa" e que somente a mulher é capaz de indicar "desajustes" de preços no supermercado. No dia seguinte, Temer recorreu às redes sociais para defender direitos iguais na casa e no trabalho.
7) Assim que assumiu o cargo de ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, hoje ministro do STF, defendeu que o governo Temer não precisaria nomear para a Procuradoria Geral da República o mais votado na lista tríplice do Ministério Público Federal. Temer desautorizou Moraes e afirmou que vai manter o critério que vem sendo adotado nos últimos anos.
8) A pressão de aliados levou o governo a flexibilizar itens do projeto de renegociação de dívidas dos Estados. A proposta foi aprovada com contrapartidas mais modestas aos governos estaduais do que o previsto inicialmente pela União.
9) Após a revelação de que o Planalto empregava a babá do filho de Temer, o presidente afirmou que "se a (funcionária) não puder prestar serviços por lá (no Palácio do Jaburu), isso vai ser reformulado ". Esta semana a servidora, ao invés de ser exonerada, foi nomeada em novo cargo na Presidência.
10) Devido ao risco de não conseguir votar a reforma da Previdência, em abril, Temer cedeu à pressão dos deputados e autorizou o relator da matéria, Arthur Maia (PPS-BA), a fazer modificações no projeto original preparado pela equipe econômica de Henrique Meirelles, ministro da Fazenda.
11) No início da semana, a defesa do presidente Michel Temer desistiu de suspender o inquérito que investiga o peemedebista no Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão foi tomada após o anúncio de que a Corte autorizou a Polícia Federal a realizar uma perícia no áudio entregue pelo empresário Joesley Batista em seu depoimento de delação premiada.
12) Revogado pelo presidente Michel Temer, o decreto que convocou as Forças Armadas para garantir a segurança e proteger prédios públicos em Brasília durou cerca de 18 horas. A medida havia sido tomada na tarde da quarta-feira (24) para conter a violência durante protesto de centrais sindicais, e foi tornada sem efeito em edição extra do Diário Oficial da União na manhã desta quinta-feira (25).