A Procuradoria-Geral da República (PGR) terá mais tempo para analisar as citações dos nomes dos deputados Darcísio Perondi (PMDB-RS) e Paulo Pimenta (PT-RS) e do ex-senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS) nas delações da Odebrecht.
Na remessa de decisões divulgadas na terça-feira sobre os procedimentos enviados pelo procurador-geral Rodrigo Janot, o relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, atendeu o pedido da PGR e devolveu a petição 6.672 para nova análise dos fatos delatados por Valter Luiz Arruda Lana e João Borba Filho. O ministro retirou o sigilo do caso.
Leia mais
Fachin autoriza inquéritos contra 8 ministros, 24 senadores e 39 deputados
Yeda Crusius é investigada por receber R$ 1,75 milhão em propina
Obra do Trensurb gera inquérito contra Padilha, Marco Maia e dois ex-diretores
A petição disponibilizada no sistema do STF registra que os dirigentes da Odebrecht narraram a ocorrência de pagamento, "a pretexto de doação eleitoral", em favor de instituição indicada por Zambiasi, além de repasses de valores em favor de pessoas identificadas pelos codinomes "Betão", "Zambão", "Legislador" e "Operador". Não há menção de valores e datas no documento.
Neste caso, a PGR explicou a Fachin que seria "necessária a efetivação de análise específica e mais aprofundada dos acontecimentos referidos nos anexos mencionados". Assim, ganhou prazo para "aprofundamento da análise e a adoção de novas medidas". Fachin determinou o retorno dos autos para nova manifestação, no prazo de 15 dias.
O que diz o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS)
"Não recebi nada da Braskem nem da Odebrecht. Vou ver hoje o que diz essa petição."
O que diz o deputado Paulo Pimenta (PT-RS)
"Eu tenho certeza que esse prazo estabelecido pelo ministro Fachin é o prazo para que se esclareça o assunto e que ele seja arquivado, pois eu não tenho qualquer tipo de relação que possa caracterizar algum motivo que justifique alguma investigação. Tanto que já não foi aceito em um primeiro momento. Este é mais um procedimento formal para ser feito o arquivamento. Eventuais contribuições de campanha que recebi são contabilizadas."
O que diz o ex-senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS)
"Não tive acesso a nada. Não conheço o teor, não sei exatamente qual a abordagem. Desconheço os codinomes. mas sobre a entidade é verdadeiro. Em final de 2009 ou 2010, me encontrei com o Valter (Lana) e sugeri que ele conhecesse uma entidade periférica que precisava de muita ajuda. Eram mais de cem pessoas em situação de abandono. Pedi que, se ele pudesse, oferecer algum tipo de ajuda. Fiz isso com muita gente. Mas a partir de então minha intervenção terminou, eu não tive mais contato. Sei que ele visitou pessoalmente a entidade, colaborou imediatamente, inclusive mandou uma geladeira que funciona até hoje lá. Pelo que me informei, ele contribuiu também por alguns meses, mediante recibo. Mas isso não passou por mim."