Investigado em três inquéritos da Operação Lava-Jato, o deputado José Otávio Germano (PP-RS) foi alvo de nova denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). O parlamentar é acusado de corrupção passiva qualificada, por supostamente ter pago R$ 200 mil em espécie ao então diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Além de Germano, é investigado no mesmo inquérito o deputado Luiz Fernando Ramos Farias (PP-MG). Além da condenação, a PGR pede que os dois deputados percam o mandato e devolvam R$ 1 milhão aos cofres públicos – R$ 200 mil por danos materiais e R$ 800 mil por danos transindividuais.
Segundo o procurador-geral, Rodrigo Janot, o dinheiro teria sido entregue a Costa em retribuição a favorecimentos da Petrobras à empresa Fidens Engenharia em contratos e obras na estatal. De acordo com a denúncia, os deputados agendaram reunião com o diretor na sede da petrolífera para relatar que a empresa Fidens estava enfrentando problemas para participar de licitações de maior porte, mesmo já sendo cadastrada junto a Petrobras. Na ocasião, o próprio presidente da Fidens, Rodrigo Alvarenga Franco, teria esclarecido as condições operacionais da empresa.
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A denúncia narra que Costa, valendo-se do cargo, teria recomendado à Comissão de Licitações da Petrobras a inclusão da Fidens nos convites seguintes, o que de fato ocorreu. A empreiteira acabou vencendo uma licitação para a construção dos prédios administrativos do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Mais tarde, venceu outra concorrência, desta vez para a construção da Refinaria Premium I.
Na denúncia, Janot sustenta que Costa foi convidado a ir ao Hotel Fasano, no Rio, onde Germano e Luiz Fernando Farias teriam lhe entregue R$ 200 mil como "agradecimento" pela contratação da Fidens pela Petrobras. As informações foram prestadas por Costa no acordo de delação premiada. Este é o segundo inquérito da Lava-Jato na qual há denúncia contra Germano.
Em março de 2016, a PGR havia denunciou por corrupção passiva e ocultação de bens Germano e os deputados Arthur Lira (AL), Mário Negromonte Jr. (BA), Luiz Fernando Faria (MG), Roberto Britto (BA) e os ex-deputados Mário Negromonte (BA) e José Alberto Pizzolatti (SC). Todos são do PP. O inquérito original do caso trata de Pizzolatti. A denúncia é sigilosa e corre em inquérito protegido por segredo judicial.
A reportagem não conseguiu contato com o parlamentar.