Em entrevista à Televisão Espanhola (TVE), o presidenteMichel Temer considerou que o juiz Sérgio Moro, responsável pela condução de algumas das investigações da Operação Lava-Jato, "cumpre o seu papel adequadamente". Parte da conversa com os jornalistas espanhóis, gravada na última quinta-feira no Palácio do Planalto, foi dedicada aos possíveis impactos que os desdobramentos das investigações poderão gerar nas atividades do Congresso e na economia brasileira.
Questionado sobre a atuação de Sérgio Moro e sobre o instituto da delação premiada realizada no âmbito da Lava-Jato, Temer ressaltou:
– Moro cumpre o seu papel como membro do Poder Judiciário, como devem fazer todos que o compõem. Creio que ele cumpre o seu papel adequadamente. Qualquer consideração negativa que eu faça sobre a delação será prejudicial porque podem entender que queremos acabar com a Lava-Jato.
Leia mais:
Moro e Temer se cumprimentam em cerimônia do Dia do Exército
Uma reunião e quatro versões: Temer, Cunha e delatores divergem sobre propina de US$ 40 milhões
Estamos completando um primeiro ciclo de reformas do país, diz Temer a deputados
O presidente também classificou como "triste" o fato departe do governo ser alvo de inquéritos decorrentes das investigações. Entre aqueles que o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de inquéritos estão nove ministros do governo Temer, 29 senadores e 42 deputados federais, entre eles os presidentes das duas Casas.
Fachin também pediu ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que se manifeste sobre um recurso do PSOL, que pede a inclusão do presidente Michel como investigado em um dos inquéritos abertos com base nas delações da Odebrecht. O inquérito em que o PSOL entrou com recurso vai apurar pagamento de vantagens indevidas em um processo licitatório que o Grupo Odebrecht participou dentro do Plano de Ação de Certificação em Segurança, Meio Ambiente e Saúde (PAC SMS).
– Sim, me parece triste, não posso falar outra coisa. Mas em relação a essas investigações, temos que esperar que o Poder Judiciário condene ou absolva as pessoas –, afirmou Temer.
Apesar dos desdobramentos das investigações, o presidente ressaltou aos espanhóis que as atividades no País serão mantidas dentro da normalidade:
– Brasil não para. Portanto, não será a corrupção que vai paralisar o País".
Já em entrevista publicada neste sábado para a agência de notícias Efe, Temer refutou a possibilidade de perder o mandato no processo que corre na Justiça Eleitoral contra a chapa vencedora das eleições de 2014, formada por ele e a ex-presidente Dilma Rousseff.
Ao salientar que todas as doações recebidas por sua campanha foram legais, Temer disse esperar que o caso seja julgado como improcedente e, a menos de dois anos de encerrar o mandato, assinalou que recursos devem prolongar o processo até a decisão final.
– Não sei qual será a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas ela vai demandar recursos, tanto internamente no tribunal como seguramente para o Supremo Tribunal Federal (STF) –, disse o peemedebista.
– Ou seja, há ainda um longo percurso processual a percorrer. Então, na pior das hipóteses, se houver, digamos assim, a anulação da chapa, a cassação da chapa, haverá recurso –, acrescentou.