A Polícia Federal encaminhou um ofício ao juiz Sergio Moro garantindo que nenhuma imagem da condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi cedida "a qualquer pessoa, empresa ou veículo de comunicação". O documento assinado pelo delegado da força-tarefa da Lava-Jato Igor Romário de Paula é uma resposta à ação movida pela defesa de Lula, que questiona a divulgação de gravações à imprensa e à produção do filme Polícia Federal – A Lei É Para Todos.
Conforme os advogados, a Justiça havia determinado previamente que a condução coercitiva de Lula não deveria, "em hipótese alguma", ser filmada. No entanto, usam reportagens veiculadas no jornal Zero Hora, na revista Veja e no blog Adoro Cinema como prova de que a imprensa e os produtores do filme tiveram acesso a gravações.
Diante disso, os defensores de Lula reiteraram, nesta segunda, os pedidos feitos a Moro no dia 22 para que a produção do filme se abstenha de utilizar as filmagens da PF e que a imprensa não divulgue vídeos. Os advogados pedem ainda que seja apurada a eventual responsabilidade criminal de agentes públicos que estariam envolvidos no suposto vazamento.
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Em decisão do dia 24, Moro apontou que não caberia a ele decidir sobre censura a veículos de imprensa ou à produção do filme, , e pediu à PF explicações sobre o suposto vídeo. Na segunda, Igor de Paula informou ao magistrado que não houve nenhuma irregularidade durante o cumprimento do mandado de condução coercitiva do ex-presidente.
Conforme o jornal O Estado de S. Paulo, o delegado, disse, no entanto, que foram adotados, no caso de Lula – levado para prestar depoimento durante a 24ª fase da Lava-Jato, em março do ano passado – os mesmos parâmetros de outras operações da PF.
"Em momento algum as imagens realizadas naquela data foram fornecidas a terceiros, sendo anexadas ao processo eletrônico correspondente somente imagens do depoimento realizado e posteriormente degravado", afirmou, no ofício, o delegado. Ele reiterou ainda que todos os procedimentos adotados pelas forças policiais foram feitos "com a absoluta discrição, sem o uso de viaturas ou uniformes ostensivos, em local reservado e diverso de unidade policial".
Agora cabe a Moro analisar e decidir quais providências tomar diante da manifestação do delegado e das novas solicitações da defesa de Lula.
Produtores do filme
Procurada pelo Estadão, a assessoria do filme Polícia Federal – A Lei É Para Todos informou que a obra é inspirada em fatos reais e que a PF apenas contribuiu com informações que subsidiaram a produção e o roteiro, que é ficcional. A produção informou ainda que a obra não utilizará nenhuma imagem real.