Primeira vereadora cadeirante de Guaíba, Fernanda Garcia (PTB) sofreu uma fratura no fêmur após cair de uma máquina utilizada para subir a escadaria que leva aoseu gabinete na Câmara do município. O acidente aconteceu às 13h45min de quarta-feira, depois do almoço. Ela foi socorrida pelo Samu e levada ao Pronto Atendimento de Guaíba, onde foi examinada e submetida a um raio-x que constatou o osso quebrado.
Fernanda foi transferira ao Hospital de Pronto Socorro, em Porto Alegre, e passou por cirurgia durante a madrugada desta quinta-feira. Agora, serão aguardados laudos médicos para indicar quais procedimentos serão adotados. Familiares permanecem com a vereadora.
– Ontem (quarta-feira), já no início da escadaria, eu senti que tinha algo errado. (O carrinho) começou a empinar para a frente e foi muito rápido: não tive nem força nem habilidade para segurar a vereadora e o equipamento – lamenta o assessor da bancada do PTB, Paulo Benedetti.
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Benedetti acredita que houve uma falha mecânica na hora do acidente. Como a Câmara de Vereadores de Guaíba não tem elevador ou rampa de acesso, a vereadora vem sendo carregada em um carrinho escalador desde que tomou posse, no dia 2 de janeiro, para conseguir chegar ao gabinete, que fica no segundo andar.
O equipamento é acoplado à cadeira de rodas, permitindo que o cadeirante suba e desça escadas com a ajuda de outra pessoa, responsável por operar a máquina. O carrinho foi comprado por R$ 17,5 mil, em dezembro, pela gestão do então presidente da Casa, Jorge da Farmácia (DEM).
– A partir de agora, não confio mais (no equipamento) – afirma Benedetti. – O pai (da vereadora) disse que ela não vai usar mais porque a insegurança é total.
Presidente da Câmara promete tentar destravar obra de elevador
No início de outubro, Zero Hora contou a história de Fernanda, que precisaria ser carregada para poder trabalhar depois de eleita. Desde 2010, o projeto para a instalação de um elevador na Câmara está embargado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) por conta de uma irregularidade na contratação da empresa que faria a montagem do equipamento. Após o acidente, o novo presidente da Casa, Doutor Renan Pereira (PTB) afirma que terá uma reunião com o Ministério Público, na próxima terça-feira, para tentar destravar a obra.
Caso a construção do elevador não seja liberada, Pereira abrirá um novo processo licitatório para fazer outra obra. Um arquiteto já trabalha na questão desde o início de janeiro, mas a previsão é de que a acessibilidade só seria entregue em, no mínimo, seis meses.
– Quero que, quando ela voltar, já possa vir trabalhar com acessibilidade total e sem risco algum. Não tem mais como usar esse carrinho – diz Pereira.
Para facilitar a locomoção de Fernanda quando a vereadora voltar ao trabalho, o presidente da Câmara estuda duas alternativas de menor prazo: construir uma plataforma vertical, estimada em cerca de R$ 60 mil, ou fazer um elevador provisório, previsto em R$ 75 mil – a entrega ocorreria em até 70 dias. Nos dois casos, seria necessária a realização de licitação, já que a assessoria jurídica do Legislativo indicou que não é permitida a contratação emergencial de empresas para as obras.
– Se eu fosse presidente quando se fez a licitação, já teria feito esse elevador (provisório). Mas como eu não tinha a Presidência e ela recém estava usando o carrinho, não tinha como eu justificar ter um carrinho e mais um elevador –defende-se Pereira.
Ele destaca, ainda, que as obras são para atender à comunidade de Guaíba.
– Mesmo que não tivesse a vereadora, não tem como uma Câmara de Vereadores não ter acessibilidade – afirma o presidente, reconhecendo que outros cadeirantes também são restringidos pela falta de acesso à Casa.