A Polícia Federal (PF) desencadeou, nesta sexta-feira, uma operação contra um esquema de fraudes na concessão de créditos pela Caixa Econômica Federal. Policiais cumpriram buscas em um imóvel do ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, em Salvador. O peemedebista foi vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco estatal.
Ao todo, sete mandados de busca e apreensão são cumpridos no Distrito Federal e Paraná, na Bahia e em São Paulo. A ação da PF ocorre a partir de informações coletadas de um celular em desuso na residência oficial da Câmara dos Deputados, quando a Presidência da Casa era ocupada pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Lava-Jato. As irregularidades teriam ocorrido entre 2011 e 2013.
Leia mais
PF caça "coiotes" na Operação Piratas do Caribe
Ex-vice-ministro dos Transportes é preso na Colômbia no caso Odebrecht
Empresário dominicano é investigado por receber US$ 92 mi da Odebrecht
De acordo com a PF, as fraudes envolvem vice-presidentes de Pessoa Jurídica e de Gestão de Ativos da Caixa, além de um servidores do banco estatal. Na iniciativa privada, o esquema envolveria ainda empresários do setor frigorífico, concessionárias que administram estradas, empreendimentos imobiliários e mercado financeiro.
Autorizada pela 10ª Vara Federal do DF, a investigação da Operação Cui Bono é um desdobramento da Operação Catilinárias, realizada em 15 de dezembro de 2015. Encontrado na oportunidade, o celular em desuso na casa do então presidente da Câmara dos Deputados foi submetido à perícia, após autorização judicial. A PF extraiu do aparelho uma intensa troca de mensagens eletrônicas entre o Cunha e Geddel, de 2011 a 2013.
As mensagens indicavam a possível obtenção de vantagens indevidas pelos investigados em troca da liberação para grandes empresas de créditos junto à Caixa Econômica Federal, o que pode indicar a prática dos crimes de corrupção, quadrilha e lavagem de dinheiro.
Diante destes indícios, os policiais passaram então a investigar o caso, que tramitava no Supremo Tribunal Federal (STF) em razão de se tratar de investigação contra pessoas detentoras de prerrogativa de foro por função. No entanto, em virtude dos afastamentos dos investigados dos cargos e funções públicas que exerciam, a Suprema Corte decidiu declinar da competência e encaminhar o inquérito à Justiça Federal do DF.
Operação Cui Bono
O nome da operação é uma referência a uma expressão latina que, traduzida, significa literalmente, "a quem beneficia?" A frase, atribuída ao cônsul Romano Lúcio Cássio Ravila, é muito empregada por investigadores com o sentido de sugerir que a descoberta de um possível interesse ou beneficiado por um delito pode servir para descobrir o responsável maior pelo crime.