Com a prisão do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), membros do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados defenderam, nesta quarta-feira, que o peemedebista faça delação premiada para ajudar "a passar o país a limpo".
– Se ele tem algo a revelar, acho bom que o faça. É preciso tirar debaixo do tapete muita coisa que estava escondida. Acho que é um bom momento – disse o deputado Marcos Rogério (DEM-RO), que foi relator do processo de cassação de Cunha.
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Embora a prisão já fosse esperada há meses entre os ex-colegas de Cunha, o fato do juiz Sergio Moro decretar sua prisão preventiva surpreendeu o ex-relator. Para Rogério, Cunha foi preso ou porque continuou cometendo crimes, ou pode ter ameaçado testemunhas, destruído provas ou dificultado o prosseguimento da ação penal.
– A prisão cautelar é sempre uma exceção – ponderou.
O deputado lembrou que, durante a fase de presidência da Câmara, Cunha obstruiu o andamento dos trabalhos no Conselho de Ética.
Rogério disse não ter dúvidas de que a instrução processual levará Cunha à condenação e que a punição no Parlamento já aconteceu com a cassação do mandato há um mês.
– Agora é o Judiciário quem cumpre o seu papel – afirmou.
Arqui-inimigo político de Cunha, o também conselheiro Júlio Delgado (PSB-MG) disse que a prisão do ex-deputado pode comprometer o grupo político do qual Cunha fazia parte.
– A prisão traz mais receio para quem conviveu com ele – destacou. Delgado defendeu que Cunha colabore com a Justiça e faça a delação não para reduzir sua pena, mas para contribuir com o país.
– A delação é uma colaboração que ele dá para a sociedade – pregou.
Já o presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), lamentou a prisão, mas disse que o ex-deputado procurou esse destino.
– Essa prisão já era esperada – declarou.
Quanto à possibilidade de delação premiada, Araújo sinalizou que também espera a contribuição de Cunha com as investigações.
– Ele deve estar com tudo planejado. Vamos ver o que vai acontecer – disse.
*Estadão Conteúdo