O candidato Felipe Martini (PSDB) concorre pela primeira vez à prefeitura de Canoas. Anteriormente, tentou uma vaga na Câmara da cidade, pelo PPS, conseguiu 1.001 votos, mas não foi eleito. A principal bandeira de campanha é a eficiência do serviço público, baseado em uma estrutura administrativa menor. A partir disso, ele pretende desenvolver os projetos nas área da segurança, educação e saúde.
Assim como todos os outros postulantes ao cargo, Martini defende uma nova licitação do transporte público municipal, que amplie horários e itinerários. Ele é contrário ao prosseguimento do projeto do aeromóvel nos Bairros Guajuviras e Mathias Velho e diz que buscará recursos para o túnel da Rua Domingos Martins. Quanto ao rebaixamento da linha de trem na área central de Canoas, o candidato afirma que vai analisar a possibilidade de construir uma via elevada.
Ele também promete avaliar juridicamente a possibilidade de rompimento de contrato com a Corsan, que cuida do abastecimento e do tratamento de esgoto da cidade. Afirma que vai construir duas UPAs, uma para especialidades médicas e outra pediátrica.
Felipe Martini é advogado e empresário, tem 38 anos e nunca assumiu cargos nos poderes Executivo e Legislativo. No entanto, já foi assessor jurídico no Tribunal de Justiça gaúcho.
A Coligação Para Unir Canoas é formada por dois partidos: PSDB e DEM. O candidato à vice na chapa é o empresário Roberto Feijó (DEM).
Confira abaixo a entrevista com o candidato. Ao final do texto, o áudio completo. Todos os postulantes ao cargo de prefeito em Canoas tiveram cerca de seis minutos para a exposição das propostas.
Rádio Gaúcha – Quais são as principais propostas da sua candidatura?
Felipe Martini – A nossa candidatura vai se alicerçar em cima de três eixos fundamentais. Simples e que qualquer dona de casa, qualquer empresário entende. A redução drástica da máquina pública, ou seja, o Estado não tem mais, com todo esse inchaço e com todo esse tamanho que hoje precisa pra se manter; o combate permanente à corrupção; e a gestão eficiente. Em cima disso nós vamos alicerçar nossas políticas públicas ligadas à saúde, à segurança e à educação. Na área da segurança pública nós vamos criar aqui o programa Proteção Canoas Tolerância Zero. É um projeto inovador que passa pela inovação no ramo do videomonitoramento. Nós vamos tentar cobrir praticamente 80, 90% já no primeiro ano de governo, toda a cidade. Vamos ampliar a Guarda Municipal, treinada e armada para até 300 agentes. Ou seja, vamos assumir essa responsabilidade que é do Estado e eu, como prefeito, assumo o compromisso com as pessoas de trazer novamente para a cidade a segurança pública de verdade. Temos também a questão das áreas de proteção de risco zero, que vai se iniciar na região central de Canoas e nos parques municipais. Ali vai haver permanentemente guarda municipal armado, 24 horas, e videomonitoramento. São áreas de risco zero, como eu digo. Ali a possibilidade de delito é praticamente nula. Então, esse projeto dando certo no início, nós vamos espraiando isso, nós vamos aumentando se dirigindo aos bairros e os microcentros comerciais que têm em Canoas.
Gaúcha – Quais são suas propostas na área da saúde?
Felipe Martini – Como eu digo: o primeiro médico de Canoas foi meu bisavô, sou filho de médico, irmão de médico e conheço as necessidades da área médica dentro da nossa cidade e as necessidades do cidadão. Na área da saúde a gente vai criar, e já no primeiro ano de governo, a possibilidade de implantar novas duas UPAs: a UPA do Médico Especialista, onde vou ter todos os médicos especialistas, e a UPA da Criança, que hoje é o que falta dentro do nosso município. Vamos criar os mutirões de atendimento no primeiro semestre pra nós tentarmos reduzir essa fila que existe hoje, que é uma fila oculta, mas sabe-se que são milhares de pessoas que precisam de atendimento e teleagendamento. E vamos rever essa contratação do teleagendamento, que é um sistema que não funciona, é caro e que se sabe que o SUS hoje disponibiliza o mesmo sistema de forma gratuita. Ou seja, vamos tentar fazer uma redução de custo de manutenção de um programa que hoje não funciona e custa caro para o município.
Gaúcha – Em relação à mobilidade, Canoas tem o Trensurb e a BR-116 que cortam a cidade ao meio. Quais são suas propostas?
Felipe Martini – Canoas hoje é uma cidade já há muito tempo pronta. Existem projetos pra tudo. Governos anteriores gastaram muito em projetos, mas não executaram nenhum significativamente na área da mobilidade urbana. Em Canoas hoje transitam em torno de 180 mil veículos/dia. É uma cidade grande. Uma cidade que sofre com problemas da mobilidade. Nós vamos tentar construir, que já existe o projeto pronto, o túnel da Domingos Martins. Vai trespassar a BR-116, já existe o projeto pronto, mas vamos tentar executá-lo, tirar do papel aquilo que os governos anteriores simplesmente fizeram a propaganda e não cumpriram com seus compromissos de campanha. Essa vai ser uma obra fundamental para Canoas. Com relação ao trem, pretendemos deixar um projeto, como se fala... Já que não se consegue rebaixar o Trensurb na região central, eu questiono: por que não vamos fazer por cima, que nem Novo Hamburgo? Quem sabe vamos passar por cima o trem? É uma ideia minha, como prefeito, mas isso depende da viabilidade técnica, econômica, mas vejo com bons olhos essa possibilidade para resolver o problema da mobilidade em Canoas, ao menos amenizar, ligando a região leste e oeste da cidade.
Gaúcha – Em relação ao aeromóvel nos Bairros Guajuviras e Mathias Velho?
Felipe Martini – As pessoas muito me questionam. Como negócio não é um bom negócio para o município, porque se pega ali um empréstimo de em torno de R$ 236 milhões, R$ 240 milhões, e vamos pagar ao longo de 30 anos até R$ 700 milhões. Trinta anos de endividamento de um modal de transporte coletivo que não é provado que funciona para transporte de massa. Esse é o primeiro ponto. Segundo ponto: não é um bom negócio como já falei. E o terceiro ponto: vai beneficiar uma parcela muito pequena da população a um custo muito elevado. São sete estações,começa lá no meio do Bairro Guajuviras, ou seja, a parte de trás do Bairro, que é a parte mais populosa, as pessoas terão que comprar um bilhete de ônibus para chegar ao aeromóvel, chegando ao aeromóvel mais um bilhete do aeromóvel e quando chegar à Estação Mathias Velho, mais um bilhete para se deslocar de ônibus ou de trem para o seu trabalho. Ou seja, não é um projeto… O projeto é inovador, mas não é inteligente, não é barato e acredito não ser a melhor questão para resolver essas questões tão importantes do transporte coletivo. Acho que precisamos, de forma urgente, é abrir a licitação de forma transparente para uma outra empresa de ônibus em Canoas. Precisamos ampliar os itinerários, para as pessoas reduzirem o tempo de espera nas paradas e aumentar os carros da frota de ônibus em Canoas.
Gaúcha – O senhor pretende municipalizar o serviço de água e esgoto da cidade?
Felipe Martini – Isso é um debate que há muito tempo nós vimos discutindo no nosso programa de governo. Isso depende muito da viabilidade técnica, a avaliação jurídica dos contratos com a Corsan, mas não é descartado. É uma ideia inovadora e que nós pretendemos avaliar com muito carinho em um provável futuro governo. Mas, se isso não for possível, nós pretendemos é fiscalizar o contrato com a Corsan que hoje, infelizmente, não presta um bom serviço para o cidadão de Canoas. A falta de água, a falta de abastecimento, uma água com baixa qualidade. Nós temos hoje cidadãos e cidadãs que recebem em sua casa água com a cor barrosa. Isso é uma questão insalubre, uma questão de saúde e a prefeitura tem a obrigação de fiscalizar e combater isso.