O gaúcho Valter Luiz Cardeal, que era diretor de Geração da Eletrobras (estatal responsável pelas operações de energia no país), foi alvo de condução coercitiva pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira em Porto Alegre.
A ação ocorre dentro da Operação Pripyat, que investiga corrupção na Eletronuclear, e é um desdobramento da Operação Lava-Jato.
Cardeal chegou à sede da PF em Porto Alegre por volta das 10h30min. Ele ficou no prédio até o meio-dia e se recusou a responder às perguntas dos policiais. Prefere falar só em juízo, segundo fontes consultadas por Zero Hora. Para evitar a imprensa, o ex-dirigente da Eletrobras saiu no banco de trás de um Porsche Cayenne com vidros escuros, conduzido por um motorista.
O material apreendido na busca feita na casa dele, no bairro Chácara das Pedras, será enviado para a PF do Rio de Janeiro. Os policiais recolheram pendrives, computadores e documentos.
Segundo os investigadores, grampo telefônico feito três semanas antes da prisão do vice-almirante Othon Pinheiro da Silva (ex-presidente da Eletronuclear), mostra que o militar da reserva recebe ligação de Cardeal e ambos combinam versões sobre o que dizer na Justiça diante das acusações de corrupção.
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Cardeal ligou para Othon porque soube ter sido delatado à Lava-Jato por Ricardo Pessoa, presidente da empreiteira UTC e colaborador premiado. Na delação, Pessoa diz que os dois executivos da Eletronuclear cobraram 6% de comissão (propina) para incluir a UTC nas obras de Angra 3. O diálogo, travado em 11 de julho de 2015, está transcrito pela PF em relatório da Justiça Federal. A frase inicial é de Cardeal:
– Tu sabe o que aquele filho da puta do Ricardo (Pessoa) fez? Ele disse que nós...a Eletrobrás, né...fizemos negociação intensa para baixar 10%. E baixando...ele aceitou só 6%, né. E que a diferença eu mandei dar pro Vaccari (tesoureiro do PT) – diz Cardeal.
Cardeal diz a Othon que ambos devem se ajudar, o que é interpretado pela PF como "combinar versões". Cardeal, logo após o estouro do escândalo Eletronuclear, foi licenciado do cargo.
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* Zero Hora