O advogado e ex-ministro José Eduardo Cardozo, defensor da presidente afastada Dilma Rousseff, afirmou nesta quinta-feira que a decisão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de renunciar à presidência da Câmara dos Deputados coloca em xeque o processo de impeachment da petista. Cardozo chamou a atenção para o fato de Cunha ter confessado, no discurso em que abdicou do comando da Câmara, que "sem dúvida alguma" o marco da sua gestão foi ter admitido a abertura do processo de impedimento contra Dilma.
– A fala dele demonstra claramente o que estamos alegando desde o início, que houve desvio de poder na decisão dele de admitir o pedido – disse Cardozo.
– Confirma exatamente que ele não fez aquilo diante de uma ilegalidade, mas sim para atingir uma presidenta que não paralisava as investigações contra ele – completou.
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O defensor de Dilma disse que vai pedir a juntada do pronunciamento de Cunha ao processo de impeachment que corre no Senado para comprovar a irregularidade do pedido. Disse também que pretende estudar se recorre novamente ao Supremo Tribunal Federal (STF) com base na manifestação do agora ex-presidente da Câmara.
Para Cardozo, a decisão de Cunha, somada à falta de provas de que Dilma cometeu crime de responsabilidade, pode dificultar uma eventual condenação da presidente afastada pelo Senado. Para Dilma ser retirada definitivamente do cargo, terá de receber ao menos 54 dos 81 votos em um julgamento futuro.
O advogado da presidente afastada afirmou que, por ora, não é possível dizer se houve um acordo do governo do presidente interino, Michel Temer, para salvar o mandato de Cunha após a renúncia. Cardozo disse que, se tiver sido mesmo firmado um acordo, o governo interino vai responder por isso perante a sociedade.