Ministro do Desenvolvimento Agrário, do Trabalho e da Previdência nos governos Lula e Dilma, Miguel Rossetto (PT-RS) rebateu o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que mencionou o nome do petista em delação premiada no âmbito da Operação Lava-Jato. Rossetto disse que o ex-diretor da estatal "é um vigarista, ladrão que acha que todo mundo age como ele".
Em seu depoimento, Cerveró afirmou que o ex-ministro fez lobby para que a Copersucar S.A. se tornasse a "única vendedora de álcool para a Petrobras".
– Li integralmente o depoimento desse vigarista. Na verdade, é um testemunho que me abona – comentou o petista, que também divulgou uma nota sobre o tema (leia a manifestação no fim deste texto).
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O ex-ministro também destacou um trecho do relato do ex-diretor, em que ele declarou que "não ouviu dizer que José de Lima Andrade ou Miguel Rossetto ganhariam propina pela realização" do negócio.
Segundo Ceveró, em 2013, o então presidente da BR Distribuidora, José de Lima Andrade Neto, chamou-o para uma reunião informal e comunicou que o petista, então presidente da Petrobras Biocombustíveis, propôs que a Copersucar tivesse um contrato de exclusividade.
– O próprio vigarista (Cerveró) afirma em seu depoimento que comunicou essa proposta (relativa à Copersucar) aos chefes dele, que não gostaram porque a proposta que eu estava fazendo acabaria com a propina deles na BR. A proposta que se estava desenhando abertamente acabaria com a propina deles – declarou o ex-ministro.
Em outra parte de seu depoimento, prestado em 10 de dezembro de 2015, o delator salientou que "imagina" que haveria pagamento de propina a Lima e a Rossetto em caso de fechamento do negócio com a Copersucar.
– Ele diz que "imagina" que haveria pagamento de propina para o Lima e para mim, palavras textuais dele. Ele diz isso porque todo ladrão acha que todo mundo é como ele, ladrão e vigarista. Mas é ele quem diz que eu estava enfrentando a propina deles e que nunca ouviu falar que eu e o Lima recebemos qualquer coisa. A única coisa que ele pauta é o que ele imagina – completou o petista.
Miguel Rossetto frisou ainda que não se furta à investigação, porque é "óbvio que tem interesse em aprofundar essa apuração".
– Ele agrega valor à minha conduta. A mim, é imputada uma situação nebulosa de ganhos, mas ele testemunha que, em hipótese alguma, ouviu falar disso. O registro está no depoimento dele. Literalmente, diz isso – completou o ex-ministro.
Líder na comercialização de etanol, a Copersucar informou que mantém relacionamento comercial com diversas distribuidoras no Brasil, dentre elas a BR Distribuidora, "sempre na mais estrita observância da legislação brasileira".
Por meio de nota, Rossetto afirmou que receber e conhecer empresas "fazia parte" de sua rotina de trabalho e que, por isso, receber a Copersucar, "maior empresa do país em produção de etanol, deve ser encarado como parte do trabalho do presidente da Petrobras Biocombustíveis, e, em hipótese alguma, lobby". O ex-ministro disse ainda que, enquanto presidente da Petrobras Biocombustíveis, trabalhou "de forma permanente com a BR Distribuidora no sentido de reduzir custos de logística e comercialização".
"Pensando nisso, Petrobras Biocombustíveis e BR Distribuidora sempre desenvolveram estudos para buscar eficiência nas operações de produção e venda de etanol e biocombustíveis, incluindo a Copersucar, dentre outras", diz a nota. "Repudio com veemência toda e qualquer insinuação sobre minha conduta apontada pelo réu confesso Nestor Cerveró", conclui o texto.