Alvo de mandado de prisão na Operação Custo Brasil, deflagrada nesta quinta-feira, o ex-deputado federal e ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira recebeu cerca de R$ 891 mil de empresas investigadas pela Operação Lava-Jato em doações de campanha informadas à Justiça Eleitoral nos pleitos de 2010 e 2014.
Em 2010, Ferreira fez uma das campanhas mais vistosas no Estado. Com 77.302 votos, ficou na condição de suplente, mas acabou assumindo o mandato. As receitas e despesas de Ferreira na disputa atingiram R$ 1,4 milhão. Mais de um terço deste valor (R$ 500 mil) foi repassado de forma legal por três empresas devassadas pela Lava-Jato: Carioca Engenharia (R$ 150 mil), Galvão Engenharia (R$ 200 mil) e UTC Engenharia (R$ 150 mil).
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Em 2014, Ferreira voltou a concorrer a deputado federal, sem conseguir se eleger. Desta vez, a campanha foi mais modesta: ele arrecadou R$ 594 mil. Mais uma vez, empresas investigadas pela Lava-Jato foram as principais doadoras, repassando a ele o montante de R$ 391 mil, conforme consta no sistema de prestação de contas do Tribunal Superior Eleitoral. Nesta eleição, Ferreira recebeu R$ 30 mil da Odebrecht, R$ 266 mil da Carioca Engenharia e R$ 95 mil da Andrade Gutierrez.
A Operação Custo Brasil apurou, segundo seus investigadores, que Ferreira atuou na contratação da empresa Consist – responsável por gerenciar o sistema de crédito consignado a servidores federais – pelo Ministério do Planejamento. O petista também indicou o escritório Portanova, de Porto Alegre, para a prestação de serviços advocatícios. Para os investigadores, era um contrato de fachada para que a Consist repassasse valores de propina a Ferreira, que foi preso na tarde desta quinta-feira, em Brasília.
*Zero Hora