Em Blumenau para tratar de negócios envolvendo os estados de Santa Catarina e Roraima - onde atualmente atua como secretário de Governo - o ex-deputado federal João Pizzolatti falou pela primeira vez ao Santa após seu nome ter sido citado em investigações da Operação Lava-Jato. Pizzolatti negou qualquer tipo de envolvimento no sistema de corrupção e garantiu que todas as doações recebidas pelo PP no período eram legais. Em seu depoimento à Justiça Federal, o ex-diretor Paulo Roberto Costa afirmou que do total recebido ilegalmente, R$ 5,5 milhões teriam ido para Pizzolatti.
O político fica em Santa Catarina até o fim de semana, onde se encontrará com empresários na tentativa de atrair investimentos para Roraima. A partir de agora, sua função será atuar como intermediador e atrair empresários para atuar no Estado. Sua função já foi questionada na Assembleia Legislativa do Estado, que investiga suas funções e carga-horária que o político cumpre no governo do Estado.
Veja abaixo o que diz o ex-deputado sobre a operação Lava-Jato:
Confira abaixo os principais trechos da entrevista:
Quais são as suas atribuições no governo de Roraima?
Sou secretário especial de Relações Institucionais e Motivação do Investimento. A economia de Roraima depende de contracheque e 52% depende da folha de pagamento. Então a governadora - Suely Campos, esposa do ex-governador Neudo Campos - me provocou ao saber que eu não era candidato. Ela me convidou para um desafio novo, que é ajudar a desenvolver economicamente o estado, copiando o sistema de cooperativas que existe em Santa Catarina.
Você cumpre uma carga horária específica no governo do Estado?
Estou me instalando na Secretaria Extraordinária e fixando residência em Roraima. O meu trabalho é lá e aqui. A minha função é ajudar a levar investidores para o estado.
A Assembleia Legislativa questiona a sua atuação no governo. O que você tem a dizer?
Eu estive em uma sabatina na Assembleia e estou à disposição deles. Eu faço o que a governadora me determina. A ordem é buscar investidores para implantar o agronegócio em Roraima. A oposição gostaria que eu ficasse lá. Eu visito os estados que produzem e apresento Roraima, que tem todas as condições para o desenvolvimento econômico.
Denúncias apontam que você teria recebido propina. O que tem a dizer?
Eu não recebi propina. É a primeira vez na vida que alguém está sendo condenado por delação (premiada) e investigação. Não há nem processo ainda. Dois delatores condenados querem envolver o máximo de gente para tentar reduzir a sua pena. Eu estou muito tranquilo em relação às denúncias e a possibilidade de existir qualquer prova contra mim é zero. Pode quebrar tudo (em relação à quebra do sigilo bancário, autorizado pelo STF) em todos os momentos. Não há preocupação nenhuma em relação a isso.
E sobre as denúncias de que o PP teria recebido propina?
O PP recebeu dinheiro oficial de campanha. O José Janene era o tesoureiro do partido. Ele que coordenava as doações legais de campanha e não deixava ninguém chegar perto. Está declarado no TRE e as contas estão aprovadas. Fora isso, com relação a mim, não há absolutamente nada.
Como você pretende se defender?
Primeiro é preciso ter acusação. Se tiver alguma, nós vamos provar que é mentira. Acho um absurdo pegar a delação, sem investigação, e expor as pessoas. Você compromete uma história pública.
Quais são os seus planos políticos?
Não serei candidato na próxima eleição. Estou com uma missão em Roraima e encantado pela possibilidade de ajudar a desenvolver um estado que precisa. Vamos deixar a tempestade passar e depois decido se vou participar do pleito daqui a três anos. Enquanto isso, estarei diretamente trabalhando nos bastidores para ajudar o partido a fazer o maior número de prefeitos e vereadores.