Em meio à tempestade que se abateu sobre seu governo com a revelação de que avalizou a compra de uma refinaria micada em Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras, a presidente Dilma Rousseff recebeu uma notícia alentadora do Ibope. Em pesquisa encomendada pelo próprio instituto, Dilma se mantém na liderança folgada da disputa presidencial, com índices que lhe dariam a vitória no primeiro turno. A pesquisa foi feita antes da divulgação das informações que abalam sua credibilidade como gestora.
O problema de Dilma não é apenas ter dado sinal verde para um negócio que trouxe prejuízo milionário para a Petrobras. Pior foi a explicação: ela teria dado o aval com base em um resumo com informações incompletas, uma versão semelhante a "assinei sem ler".
A oposição, que até aqui engatinha nas pesquisas, identificou nos problemas da Petrobras uma forma de desestabilizar a presidente. Ela será alvo de uma representação na Procuradoria-Geral da República, movida por cinco senadores, entre os quais os gaúchos Ana Amélia Lemos (PP) e Pedro Simon (PMDB). Os senadores cobram esclarecimentos sobre a compra da refinaria, em 2006.
Além do desgaste que a revelação dos documentos sobre a compra da refinaria pode provocar, a esperança dos adversários de Dilma está no elevado número de eleitores hoje dispostos a votar em branco ou anular o voto, que variam de 22% a 25%, dependendo do cenário. Há ainda um contingente de 9% a 13% que não sabem ou não responderam.
O fato de um em cada quatro eleitores estar disposto a anular o voto ou votar em branco pode até favorecer os menos conhecidos, mas deve ser uma preocupação de todos, porque é indicativo do descrédito na política. O cardápio de candidatos à disposição do eleitor é o que está aí, com pequenas variações nos pequenos partidos, a não ser que Dilma perca terreno até junho e o PT decida substituí-la pelo ex-presidente Lula. Este é o sonho de setores do PT e também de aliados inconformados com o que uns chamam de "falta de tato", outros de carência de habilidade para lidar com as pressões de deputados e senadores da base no Congresso.
Opinião
Rosane de Oliveira: Dilma entre o céu e o inferno
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