Em meio a uma série de casos de violência em estádios de futebol e no seu entorno, como na última quarta-feira, quando um gremista foi atingido por um tiro de bala de borracha no olho, o Ministério Público Estadual vai criar uma promotoria especializada para atender os torcedores.
A Promotoria de Justiça do Torcedor está em fase final de estruturação e deve ser anunciada pela instituição na semana que vem. Será a segunda promotoria do tipo no país. A primeira foi criada em agosto em Pernambuco.
Além de lidar com a parte criminal da relação do torcedor com o esporte, a promotoria tratará de questões ligadas ao direito do consumidor. Embora o MP não admita oficialmente, a Força-Tarefa de Combate aos Jogos Ilícitos deve ser extinta, e a sua estrutura aproveitada pela nova promotoria.
O desmonte da força-tarefa indica que o Ministério Público cansou de enxugar gelo, já que as ações se sucedem e os bingos e outros jogos ilícitos continuam mais vivos do que nunca.
A criação da Promotoria do Torcedor coincide com o acirramento do debate sobre a presença da Brigada Militar nos estádios de futebol. O governo quer se livrar dessa tarefa ou cobrar dos clubes pelo policiamento. Torcedores que reclamam da violência da corporação aprovam a ideia de não ter mais policiais fardados dentro dos estádios, mas os dirigentes de futebol não querem ouvir falar nessa hipótese. Sabem que pode ser ruim com a BM, mas será pior sem ela, em matéria de segurança. E não querem nem pensar em contratar seguranças privados, porque teriam de repassar o custo desse serviço para o valor do ingresso ou absorver o prejuízo.
Com razão, os comandantes da Brigada reclamam que, para atender aos jogos de futebol, precisam deixar outras áreas desguarnecidas, tanto nos dias de partidas quanto nos seguintes, quando parte da tropa tira folga para compensar o trabalho no estádio. Além disso, os policiais que trabalham nos jogos aos domingos recebem horas extras, o que significa gasto para os cofres públicos.
Opinião
Rosane de Oliveira: "Rio Grande do Sul terá promotoria de Justiça do torcedor"
Rosane de Oliveira
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