De perfil calmo e conciliador, Elisandro Fiuza foi reconhecidamente a voz ponderada de defesa do governo do ex-prefeito Daniel Guerra no Legislativo em seu primeiro mandato. Reeleito com 2.433 votos, o único vereador do Republicanos na próxima Legislatura garante que a ponderação vai continuar pautando sua atuação como parlamentar.
— É uma característica pessoal minha, não consigo ser diferente. Para executar um ato democrático, é preciso estar aberto para as críticas construtivas, para ouvir "não" quando for necessário. A gente não consegue construir uma democracia sem ouvir o contraditório. Por outro lado, não se pode fazer o contraditório por fazer. É preciso falar com argumentos aquilo que tem que ser dito. O nosso partido não é extremista. Somos de centro-direita com a característica do diálogo — justifica.
Se o parlamentar já trazia na bagagem a tendência à moderação antes de ingressar na política, a característica foi aprimorada após a experiência à frente da Secretaria Municipal de Habitação durante um ano e meio. Segundo ele, com a atuação no Executivo, foi possível perceber a necessidade de eliminar empecilhos burocráticos para efetivamente executar o que se faz necessário para o bem-estar da população.
— O que me surpreendeu, não que eu não conhecesse, é a situação do Executivo que, para fazer com excelência, precisa passar por uma grande desburocratização do sistema. Quatro anos não são suficientes para fazer tudo o que é necessário, porque, por exemplo, para executar um processo de licitação, já leva de seis meses a um ano. A gente como parlamentar precisa ter um olhar crítico para apontar os problemas, mas também tem que ter consciência de que não é nada fácil, principalmente agora com a situação da pandemia. É uma questão de responsabilidade — defende Fiuza.
Olhar sensível, voz ativa
Até assumir o primeiro mandato como vereador, em 2017, Fiuza atuou por 16 anos como pastor da Igreja Universal do Reino de Deus e acabou pedindo licença da função para se dedicar à atividade parlamentar. Da vida religiosa, Fiuza levou para a política o conhecimento e a afinidade para ações sociais em comunidades periféricas. O vereador se orgulha dos mais de 3 mil atendimentos de demandas, muitos deles através de um gabinete itinerante que circula pelos bairros. Para ele, além da atuação fiscalizatória, a função do vereador está vinculada a ser um ouvido sensível e voz ativa de quem precisa no Parlamento.
Ele não menciona projetos de leis nas propostas para o próximo mandato, e justifica afirmando que já há legislação suficiente, desde que bem cumprida:
— De certa forma, todo bom projeto traz com ele custos ao Executivo, o que é vedado ao vereador fazer. Existem muitos projetos, muitas leis que não conseguem ser implementados por isso, diferente do Poder Executivo, que executa, realiza o sonho das pessoas.
Ele atribui a recondução ao cargo ao reconhecimento de que pode continuar contribuindo com questões sociais, principalmente aquelas ligadas à defesa dos direitos da criança e do adolescente.
— Continuo uma pessoa simples e ponderada, com atuação sempre democrática e respeitosa. Quando se torna uma pessoa pública, você deixa de ter uma vida normal, passa a ser mais visado, o que não significa que vá deixar de ser o que é. Mas precisa cada vez mais ter hombridade e humildade para ver a realidade da população e fazer ao máximo e contribuir. Nesses quatro anos de mandato, não existiu final de semana, tive pouco tempo de lazer entre a família, mas é necessário. É uma missão. Às vezes a gente é criticado, mas o trabalho do vereador não se restringe a três sessões por semana e ao vínculo a três comissões diferentes. Demanda tempo, estar próximo da população, trabalhando arduamente por quem paga os nossos salários — afirma.
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Propostas:
DEFESA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
"Vamos buscar reinstalar a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente porque é preciso continuar trabalhando pelo fortalecimento da rede de defesa. Precisamos atuar de forma articulada com as forças vivas da sociedade."
CRIAÇÃO DE CONSELHO TUTELAR
"Para uma cidade com meio milhão de habitantes como Caxias do Sul, dois conselhos tutelares é muito pouco. Existe muita demanda pelo serviço, que também poderia ter as informações mais interligadas para saber se a situação daquela criança em questão está adequada. A integração dos dados das secretarias de Educação, de Saúde, por exemplo, pode dar mais efetividade e agilidade ao atendimento. Vamos dialogar com o Executivo para implementar melhorias nesse sentido"
GABINETE ITINERANTE
"Vamos manter a proposta do gabinete Itinerante. A gente entende que tem que se colocar ao lado da população com ouvidos sensíveis, respeitando essa situação da pandemia. Nosso trabalho é de atenção a todos os bairros para colher as demandas, buscando fiscalização forte no sentido de que essas pautas sejam atendidas."
QUEM É
Perfil: natural de Porto Alegre, tem 44 anos, bacharel em Teologia e graduando em Gestão Pública.
Trajetória: foi eleito para o primeiro mandato em 2016 com 2.419 votos. Entre junho de 2017 e janeiro de 2019, foi titular da Secretaria Municipal da Habitação na administração de Daniel Guerra. Retornou ao Legislativo em fevereiro de 2019.
Referência: "O presidente nacional do Republicanos e também deputado federal Marcos Pereira. Um homem centrado que busca nessa missão ser ponderado para construir pontes e buscando sempre a liberdade econômica." No verso do cartão de visitas da Câmara de Vereadores de Fiuza, também consta uma frase atribuída a Martin Luther King: "O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética. O que me preocupa é o silêncio dos bons."
Pessoal: é casado há 18 anos com Elissandra Gonçalves e não tem filhos. Tem duas cachorras, Nina e Chanel.