
A votação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados na quarta-feira da semana passada rachou pelo menos dois partidos de oposição ao Governo Jair Bolsonaro (PSL): o PDT e o PSB. A aprovação do texto-base em 1º turno com 379 votos consolidou ampla maioria graças ao apoio de deputados que contrariaram a orientação dos dois partidos.
A maior dissidência ocorreu na bancada do PSB, que havia aconselhado seus parlamentares a votar contrário à proposta governista. Dos 32 deputados socialistas, 11 acabaram votando a favor da matéria. A gaúcha Liziane Bayer foi uma delas. No PDT, dos 27 parlamentares, oito votaram favoráveis à reforma. O grupo contrariou a determinação do partido. Do Rio Grande do Sul, o deputado Marlon Santos votou a favor do texto.
Na manhã de ontem, o Conselho de Ética do PSB decidiu abrir processo sobre deputados que votaram a favor da reforma da Previdência. A decisão final ocorrerá no diretório da sigla na segunda quinzena de agosto. O PDT afirma que os deputados que votaram a favor da reforma da Previdência serão alvo de processo disciplinar na Comissão de Ética do partido.
As justificativas
"O governo Bolsonaro fez um projeto que foi praticamente modificado dentro da Câmara, mas a Câmara aprovou um projeto que deu inveja a muito cidadão de extrema esquerda porque era o sonho da esquerda fazer isso. (...) Só votei a favor porque li, vi o que estava votando e continuarei votando enquanto for para fazer justiça social. O trabalhador não foi desconstituído nessa reforma. A única coisa dolorida dessa reforma foi ter que ter aumentado a idade (para a aposentadoria) das pessoas, mas isso é uma questão matemática e não tinha como fugir." Marlon Santos (PDT-RS), deputado federal
"Votei favorável para beneficiar o cidadão trabalhador contribuinte, como no destaque apresentado pelo PSB que garantiu a redução no tempo de contribuição exigido para o homem na transição para a aposentadoria por idade no Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Também fui favorável às modificações para garantir os direitos que favorecem a aposentadoria de mulheres e a que suaviza regras para policiais federais." Liziane Bayer (PSB-RS), deputada federal
Em Caxias do Sul
O Pioneiro perguntou a líderes do PDT e do PSB em Caxias do Sul: Os deputados que votaram a favor da proposta do governo devem ser punidos? Confira as respostas
"Entendo que sim, por conta do descumprimento de deliberação do diretório nacional do PSB, que fechou questão contra o texto do relator votado em primeiro turno. Descumpriram uma norma estatutária. É uma falta grave à democracia interna de nosso partido. O tamanho da punição quem tem que definir é a Comissão de Ética, com a aprovação do diretório nacional." Edio Elói Frizzo (PSB), vereador
"A reforma da Previdência não acabou. Tem segundo turno de votação em agosto. Com tamanha ameaça do partido, possivelmente voltem atrás?! Expulsar é muito grave, por isso tem que ver como vão votar no segundo turno em agosto." Alceu Barbosa Velho (PDT), ex-prefeito
"Acho que não devem ser (punidos), até porque muitas das alterações propostas foram de iniciativas dos próprios deputados, como a que aborda a questão da idade dos professores, da Tábata (Amaral, deputada) de São Paulo." Rafael Bueno (PDT), vereador
"Sim, eles devem ser punidos porque tiveram a chance de opinar na convenção se eram a favor ou contra. O partido apresentou uma decisão e eles têm que seguir essa decisão. Eles devem ser de alguma forma punidos. Nós seguimos a orientação partidária. Por fim, desejamos e é nossa proposta mantermos um alinhamento em nível municipal, estadual e nacional, sempre tendo como base as coisas decididas dentro do partido." Maurício Flores, presidente do PDT caxiense
"Não foi um deputado, foram 11. Houve toda uma discussão sobre o assunto de forma interna, mas em nível nacional. Na hora do voto, cada um vota como quer, passando por cima de uma deliberação da executiva Nacional? Então para que partido? Apenas para fazer legenda, se eleger para um cargo público, ganhar recursos de emendas e cada um faz e vota como bem entende? Não pode! Por isso defendo que a Comissão de Ética entre em ação e análise uma publicação para quem descumpriu com o que havia sido a acordado." Alberto Meneguzzi (PSB), vereador
"Qualquer situação avaliada neste momento pode ser precipitada. É preciso aguardar a ultimação da votação da PEC na Câmara dos Deputados para analisar os casos contrários à decisão partidária." Gustavo Toigo (PDT), vereador