Nas últimas semanas, o normalmente discreto vereador Elisandro Fiuza (PRB) esteve envolvido em episódios de repercussão na Câmara de Vereadores. Após ser trocado na liderança de governo do Legislativo pelo aliado e colega Renato Nunes (PR), cresceram os rumores sobre suposta crise na base do governo. Ao Pioneiro, Fiuza deu sua versão e falou sobre recente arquivamento do “caso do corretivo” envolvendo o chefe de gabinete e irmão do prefeito, Chico Guerra (PRB), e o presidente do bairro Cânyon, Marciano Corrêa da Silva. Confira a entrevista:
O senhor está vinculado ao governo, e percebemos uma oposição muito intensa nessa legislatura. O que o senhor acha desse debate político?
O meu perfil é da conciliação, da conversa, do diálogo, do respeito. Quando somos citados e não existe coerência da outra parte, nós temos que também estabelecer a verdade. Mas olho para os meus colegas não como opositores, pois sei que cada um tem o seu posicionamento e a gente busca fazer contraponto de uma forma adequada.
Com relação ao Caso Marciano, o resultado foi o mais adequado?
A questão não é ser adequado ou não, a questão é ter a interpretação correta das situações. Entendemos que já havia processo aberto (na Comissão de Ética) e faltou conclusão daquele processo. Ficou um ano nas tramitações. Se tivessem alguma divergência, deveriam ter feito a tempo, o que não foi feito, tanto por parte do Rafael Bado (ex-coordenador de Relações Comunitárias da prefeitura, a outra parte da conversa com Chico Guerra), como do seu Marciano e até do Rafael Bueno. Não cabia a nós irmos contra uma situação em que o relator, em outro momento, já havia feito relatório e dado parecer.
E o teor do que estava sendo analisado... O senhor concorda com a postura do chefe de gabinete?
Não cabe a mim dizer se foi certo ou errado. A questão é: se houve de fato aquele áudio, foi falha do Chico Guerra, por outro momento, naquele período dos pedidos de impeachment, tiveram situações em que o seu Marciano, sem julgamentos à pessoa dele, esteve em plenário e fez várias ameaças de baixo calão. Quem nunca, num calor do debate, não cometeu erro de falar coisas a mais, de se precipitar. No calor do debate, às vezes um vereador falta com respeito um com outro.
Mas o Chico Guerra estava representando a prefeitura... O senhor chegou a analisar o áudio?
É uma questão entre o Chico Guerra, o Rafael Bado e o Seu Marciano. Não vejo por que essa situação seja colocada no Legislativo, deveria acionar a Justiça e debater essa situação. No Legislativo, foi feita essa discussão. Foi dado parecer de arquivamento, agora vai para presidente da Casa, que vai decidir se vai a plenário. Se ir a plenário e os outros pares acharem que não deve ser arquivado, vai voltar à comissão para o presidente decidir como será esse processo. Se a comissão entender que foi errado, vai ter seu preço.
O senhor manteria seu posicionamento se voltar a plenário?
A questão não é essa. Se houve equívocos, houve das duas partes. Se alguma das partes achou que não foi dado os devidos trâmites, deveria ter acionado a Comissão de Ética. Não cabe a mim fazer julgamentos do que aconteceu entre duas pessoas.
Mesmo sendo pessoa pública, em exercício?
Independente. Mas não diz no áudio que era telefone funcional. Teria de ter uma prova, teria de ter prerrogativa de ter esse áudio, com autorização de quem? Será que não seria uma situação da Justiça para requerer esse áudio?
E com relação ao seu relacionamento com o vereador Renato Nunes?
A minha relação com o vereador Renato Nunes ou qualquer outro vereador é natural, mas eu nunca vou abrir mão das minhas posições e princípios. Quando vereador, Renato Nunes fala que não entende como eu voto, é uma prerrogativa. E quando nos ausentamos do plenário, não quer dizer que não quero votar, às vezes vou ao banheiro, atender o telefone. Não podemos deixar a interrogação de estar havendo divergência ou rompimento da base, não. Meu partido é o PRB, que é o partido do prefeito e sempre estaremos fazendo defesa daquilo que achamos que é coerente.
E a mudança na liderança de governo na Câmara. Você sentiu que foi “fritado” pelo Executivo?
O Executivo achou por bem colocar o Renato Nunes, que inclusive foi até ideia minha em outro momento. Eu aceitei ser líder, mas por tempo determinado. Não se surpreenda que um vereador que outrora era de oposição ser líder de governo.
Por que não houve apoio do senhor à recondução do vereador Renato Nunes à presidência da Comissão de Ética?
Os quatro vereadores estendemos apoio. O que eu não apoiei foi ele, como vereador suplente, ter quatro assessores, até então existia três e uma vaga estava aberta. Eu disse que ele precisava de um jurídico, como eu tenho. O que não seria correto e nem justo seria ele ser presidente da Comissão de Ética e querer fazer uso da minha assessoria jurídica. Eu não poderia deixar exclusivamente meu assessor jurídico à Comissão de Ética. Ele se sentiu chateado e achou que não teria meu apoio.
O que tem ouvido da população sobre governo de Daniel Guerra?
Muitas pessoas têm aplaudido diversas atitudes positivas do prefeito. Uma entidade ou outra que reclama eventualmente da falta de diálogo. Nós realmente vamos saber o que a população sente em 2020. A população que vai avaliar o trabalho que temos entregado. Mas ela tem visto um esforço enorme e um trabalho com afinco e sincero. Às vezes, é difícil ouvir “não” e ouvir um “não” não é falta de diálogo.
O senhor acha que falta diálogo?
Tudo depende da forma de interpretação. Quando se torna chefe do Executivo não tem como atender todas as pessoas, mesmo que você queira. Você está numa causa maior, é o líder, precisa estar reunido com secretários, o serviço público é burocrático. Vou sugerir a vereadores que criticam colocar o nome para concorrer ao Executivo, seja prefeito e depois faça o contraponto.
De zero a 10, que nota dá ao governo de Daniel Guerra?
Zero a dez? Que desafio, hein (risos)(Pausa). Nota oito.
Por que subtraiu dois?
Por mais que tenha boa intenção comete equívocos e erros.