Maioria entre a população e o eleitorado brasileiros, as mulheres ainda são minoria nos Executivos e Legislativos. Na Câmara dos Deputados, espaço com o maior número de parlamentares entre as casas legislativas, a presença feminina é de 10%. Dos 513 deputados, apenas 50 são mulheres. Na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, são três vereadoras do total de 23. O Legislativo caxiense, aliás, nunca teve mais do que três mulheres em suas legislaturas. Em 125 anos de história, completados neste ano, a Câmara teve 12 vereadoras, sendo 10 titulares e duas suplentes.
Leia mais
PT regional se reúne em Caxias e inicia movimentos para as eleições de 2018
Crianças participam de sessão de cinema na Câmara de Caxias
UAB e Amobs ficam nas sedes, em Caxias do Sul
Movimento quer dobrar número de vereadoras na Câmara de Caxias do Sul
No Ranking de Presença Feminina no Parlamento 2017, lançado em março, o Brasil ocupa o 115º lugar, ficando atrás de países como Afeganistão, Índia e Estados Unidos. Ruanda ocupa a primeira posição, seguida de Bolívia e Cuba. O levantamento foi realizado pelo Projeto Mulheres Inspiradoras (PMI), com base no banco de dados primários do Banco Mundial (Bird) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
— O Brasil está muito atrasado — constata, em tom de indignação, Solange Meri Colzani de Borba, 47 anos.
A advogada é integrante do movimento Política de saias, lançado nesta semana em Caxias. O grupo quer justamente mudar essa realidade, incentivando a participação de mais mulheres na política. Ao lado de Solange, outras seis mulheres iniciaram o trabalho que visa à capacitação feminina para futuras disputas eleitorais.
— Embora existam mais mulheres em cargos de comando, em empresas, por exemplo, é algo que ainda não está sedimentado. Pode ser que a mulher não acredite que possa, pode ser que tenha outros papéis, que a política não seja prioridade — avalia a psicóloga Márcia Martini, 49, também integrante do grupo.
O objetivo é formar lideranças capazes de vencer uma eleição e levar em frente um mandato.
— As mulheres não votam em mulheres. A gente tem que tentar compreender para mudar essa realidade — acrescenta a advogada integrante do movimento Cintia Miele Garnier, 45.
Sem inclinação ideológica
Embora suprapartidário, o movimento tem quatro integrantes filiadas ao PSDB, entre elas, a vereadora Paula Ioris. Mas elas garantem que o objetivo é capacitar as mulheres sem formação ideológica. Tanto que a intenção é promover palestras com mulheres de diferentes partidos.
— Queremos ser referência na formação de lideranças femininas. Muitos partidos colocam candidatas apenas para cumprir a cota — diz Fabiana Tanuri, 42, advogada e filiada ao PSDB.
O movimento Política de Saias tem como meta dobrar o número de vereadoras na próxima legislatura. Hoje, são três mulheres em Caxias.
Iniciativa elogiada por mulheres de outras siglas
O lançamento do Política de Saias promete movimentar os partidos. Vereadora do PMDB, Gládis Frizzo já pensa em procurar as mulheres filiadas à sigla para trazê-las para o dia a dia do partido. Liderança do movimento comunitário, Gládis também quer propor ao movimento Política de Saias que eventos sejam realizados nos bairros.
— Muitas mulheres gostariam de estar na política, mas não têm coragem ou incentivo – destaca.
Para a vereadora e presidente do PT caxiense, Ana Corso, a iniciativa é positiva. Ela acredita que o partido, pode contribuir mostrando, por exemplo, a forma de organização do PT, onde 50% dos cargos de direção são ocupados por mulheres:
— Só vamos crescer politicamente incorporando as mulheres. O homem pode ser solidário às causas das mulheres, mas ele nunca será mulher.