Vitor Hugo Gomes era criança quando se mudou para o Esplanada. A família foi morar na última rua do bairro. Era uma comunidade pobre, com muitas dificuldades. A desigualdade a que Vitor assistia fez nascer dentro do menino um sentimento, o de indignação. Não demorou muito para que ele se engajasse na luta política.
– Eu era e sou muito indignado com a injustiça social – resume.
Leia mais
Candidatos respondem por que querem ser prefeito de Caxias do Sul
Tudo o que você precisa saber sobre as eleições de domingo
Confira o que abre e o que fecha neste domingo de eleições na Serra
Em 1981, aos 14 anos, virou presidente do Grêmio Estudantil da Escola Coronel José Pena de Moraes, seu primeiro cargo eletivo. Logo em seguida, filiou-se ao PCB. Como o período ainda era de ditadura, Vitor militava na clandestinidade. As reuniões eram secretas e até codinome ele usava. Chegou a morar um tempo em São Paulo, quando era dirigente da União Brasileira dos Estudantes (Ubes).
Em 1989, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT) e, três anos depois, foi escolhido presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade de Caxias do Sul (UCS), onde cursava Direito. O cargo o projetou e o tornou uma importante liderança jovem dentro do PT. Em 1996, concorreu a vereador e ficou como suplente, assumindo a vaga na Câmara entre 1998 e 2000. Um ano antes, em 1997, foi secretário de Desenvolvimento Urbano na primeira gestão de Pepe Vargas.
A vida partidária dentro do PT perdurou até 2013. Em março daquele ano, ele deixou a sigla e, um mês depois, migrou para o PSB. No partido, permaneceu até a criação da Rede Sustentabilidade, legenda que estreia nesta eleição.– Sempre estive no campo da esquerda. Saí do PT porque é um partido que mudou. O PT mudou, eu não mudei – ressalta.
Um cara família
– Ele é uma das pessoas mais positivas que eu conheço. Sempre tenta ver o lado bom da situação, é convicto de que vai dar certo.
Assim, Camila de Lima Gomes, 26 anos, define o pai. Filha do meio, ela morou com a mãe até os 17 anos em Vacaria. Na hora de prestar vestibular, mudou-se para a casa de Vitor em Caxias. E acabou escolhendo a profissão do pai. Mas garante que não sofreu influência nem pressão. Já formada, Camila atua como advogada no escritório de Vitor.
Camila conta que, juntos, pai e filha gostam de ir ao cinema, caminhar no parque e juntar a família, que tem ainda os pais e os dois irmãos de Vitor, em almoços. Vitor é pai também de Pedro Francezi Gomes, 29, e de Bernardo Prestes Gomes, 11. Com todos os eles, tenta manter uma relação próxima e afetiva, inclusive com Pedro, que mora em São Paulo, e é fruto de um breve relacionamento durante sua estadia na cidade quando era dirigente da Ubes.
Divorciado, Vitor tem uma namorada. Ele prefere preservar sua identidade, já que ela não é uma figura pública.Vitor gosta de viajar, seja para a praia ou para o campo. A cultura gaúcha tem espaço especial em sua vida. Além da música, ele gosta de cavalgar e de uma boa festa, mas é também muito estudioso. Advogado com dois escritórios, em Caxias e Flores da Cunha, tem uma atuação ampla: trabalha com direito cível, criminal, trabalhista e previdenciário. Por isso, precisa estar sempre muito atualizado.
Das realizações políticas e pessoais, Vitor ressalta a participação no Conselho da Comunidade – instituído pela Lei de Execução Penal, que realiza ações como verificar situação jurídica e processual, relacionamento da pessoa presa e seus familiares, entre outras. Ele presidiu o Conselho entre 2008 e 2011.
– Sem participação dos governos, conseguimos colocar 40% dos presos trabalhando – orgulha-se.
Aos 49 anos e com uma vida dedicada à militância social, política e partidária, Vitor não pensa em parar. Mesmo se não for eleito neste domingo, irá continuar defendendo as bandeiras em que acredita até quando Deus permitir.
– Sei que sou uma daquelas pessoas que vai lutar a vida toda. Nunca vou parar de fazer política – finaliza.
Trajetória de Vitor
Advogado, Vitor Hugo Gomes foi vereador pelo PT entre 2001 e 2004. Antes, assumiu como suplente entre 1998 e 2000. Foi secretário de Desenvolvimento Urbano em 1997.
Vitor revela
Música: regional gaúcha.
Livro: O tempo e o vento, de Erico Verissimo.
Comida: churrasco e saladas.
Perfume: Calvin Klein One Summer.
Time de futebol: Juventude.
Religião: católica.
Um lugar em Caxias: Parque dos Macaquinhos.
Um lugar no mundo: os cânions de Cambará do Sul.
Mania: dormir cedo e acordar cedo.
Superstição: não tenho.
Qualidade: solidariedade.
Defeito: sinceridade.
Filme: Cidade de Deus, de Fernando Meirelles
Legalização do aborto: sou favorável com critérios rígidos e para casos específicos.
Liberação da maconha: sou favorável à descriminalização.
Casamento homoafetivo: sou favorável.
Um sonho: ver campear a justiça social no país.