A instalação da Comissão da Verdade inspira perseguidos políticos a relembrar a ditadura militar. Dessa vez, a dor e os traumas trazidos à tona pelas lembranças do período vêm acompanhados de esperança. O objetivo principal do grupo instituído pela presidente da República, Dilma Rousseff, que tem a primeira reunião marcada para segunda-feira, é recuperar a história do período no Brasil.
Para ex-presos políticos e militantes caxienses contrários ao regime militar, a comissão representa a chance de registrar oficialmente as histórias de dor e tortura dos anos de chumbo, evitando que voltem a acontecer.
A Comissão Especial da Lei das Indenizações no Estado, mapeou a existência de 100 pessoas prejudicadas pela ditadura, em Caxias. Um deles é o ex-integrante da VAR Palmares, João Ruaro. Ele foi preso e torturado em 1970. Em São Paulo, permaneceu um ano e oito meses no mesmo presídio que a presidente Dilma, apenas em alas diferentes.
Ao retornar para Caxias, envolveu-se com o movimento sindical, foi eleito vereador e manteve a militância política. Hoje, ainda se mostra descrente em relação a alguma atitude punitiva em relação a quem o torturou.
- Esperança não se tem muita. A comissão foi instalada e acho que a verdade não vai ficar escondida, mas será uma atuação mais de protesto do que de punição. De qualquer forma, é um avivamento das coisas que aconteceram, que não estão em livros. Do contrário, as pessoas vão morrer e nada daquilo ficará registrado - pondera.
Luz sobre a ditadura
Comissão da Verdade traz esperança para militantes políticos de Caxias do Sul
Pelo menos 100 pessoas foram presas ou responderam inquéritos durante a ditadura na cidade
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