O inquérito sobre a morte de Olímpio Itacir Santini, 77 anos, assassinado no dia 12 de janeiro no bairro Cruzeiro, em Caxias do Sul, já está com a Justiça. O material foi remetido pelo delegado responsável pelo caso, Caio Márcio Fernandes, no último dia 9. A conclusão da Polícia Civil foi de que uma mulher de 42 anos foi a mentora do crime e que dois adolescentes foram os executores. Para a polícia, a mulher instigou o próprio filho, 15, a cometer o assassinato, já a namorada dele, 12, aderiu ao plano. O casal matou a vítima com ao menos 30 facadas.
— A mentora responderá pelos crimes de homicídio qualificado, furto qualificado e corrupção de menores — explica o delegado.
A mulher segue presa em Caxias desde o dia 26 de janeiro. No envio do inquérito, o delegado pediu a conversão da prisão temporária em preventiva.
No caso dos adolescentes, o procedimento indicou os crimes de homicídio doloso (com intenção de causar a morte) com quatro qualificadoras – motivo fútil, recurso que impossibilitou defesa da vítima, para ocultar crime anterior e meio cruel. Ambos foram apreendidos na última sexta (10). Cabe à Vara da Infância e da Juventude avaliar a medida socioeducativa que será aplicada e que pode ser a de internação. A medida pode ainda ser revista ao longo do cumprimento, segundo o delegado. O adolescente está no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Caxias e a adolescente foi encaminhada para entidade de atendimento socioeducativo em Porto Alegre.
Investigação mostra participação dos adolescentes
Sem dar detalhes, Fernandes conta que foi esclarecido na investigação que a mulher, a mandante e mãe de um dos adolescentes, integrava o núcleo familiar de Santini. Ela o ajudou a fazer compras com o cartão de crédito, por isso, tinha acesso à conta bancária dele. Antes da morte, ela furtou R$ 11 mil, mas o idoso descobriu o crime.
Sentindo-se ameaçada pela vítima, que prometia denunciá-la, a mulher instigou o filho que assassinasse o homem.
— Ela instigou e incentivou o filho a cometer o crime, alegando que essa seria a única maneira da vítima não denunciá-la. Ela criou a ideia e implantou a ideia (no filho). A adolescente aderiu à ideia do adolescente — refere o delegado.
No dia do crime, os adolescentes utilizaram duas facas – uma levada por eles e outra pega na casa da vítima – para golpear Santini 30 vezes. A perícia apontou que havia tamanhos e profundidades diferentes de perfurações, o que indica que ambos esfaquearam o idoso. O delegado reitera que a adolescente praticou o ato por própria vontade e que não houve coação pelo namorado. Ainda conforme Fernandes, depois do crime, eles queimaram as facas e roupas usadas na ocasião, mas se confundiram com o tênis e acabaram destruindo um par diferente do que a adolescente usava na hora do crime, o qual apontou vestígios de sangue na perícia feita com luminol pelo Instituto-Geral de Perícias.
Após o crime, mais R$ 3,5 mil foram retirados da conta da vítima por meio de saques, transferências e compras. A mentora, ainda segundo a polícia, já tinha passagens pela polícia por estelionato, roubo e falsidade ideológica. Os adolescentes não tinham nenhuma passagem por atos infracionais. Até a entrega dos inquéritos, de acordo com Fernandes, nenhum advogado de defesa havia se apresentado para nenhum dos três envolvidos no crime.