A primeira audiência sobre o caso de Alexandre da Costa, síndico acusado de articular um esquema de fornecimento clandestino de água para 320 famílias do Alvorada I, em Farroupilha, ocorre nesta quinta-feira (26). A água vinha de um poço clandestino que abastecia os moradores do condomínio onde vivem cerca de 1,2 mil moradores, em 16 blocos, no bairro Monte Pascoal. Foram marcadas nove audiências para oitiva das partes e testemunhas, sendo que esta primeira ocorre a partir das 9h no fórum de Farroupilha. Serão inquiridos o delegado de Farroupilha, Éderson Bilhan, e uma policial civil. Ainda segundo o advogado de Costa, Carlos Alberto Sandoval, o síndico deverá ser ouvido no dia 1º de junho:
— Estou fazendo novo pedido de liberdade por excesso de prazo pois serão cinco meses de audiências.
Segundo o delegado de Farroupilha, Costa segue recolhido na Penitenciária Estadual do Apanhador desde 12 de setembro de 2022, quando foi preso depois de mais de um ano de investigação. A polícia chegou até ele depois de receber denúncias de moradores. Ele atuava como síndico do residencial desde 2015 e também foi preso por suspeita de extorsão e ameaça, uma vez que ameaçava cortar o abastecimento de água no caso de não pagamento da conta, que era feito diretamente para ele e também constrangia quem não aderisse regras impostas por ele.
Ainda segundo o inquérito policial, Costa falsificou documentos e logo após ser eleito criou uma empresa no nome da esposa dele, e contratou essa empresa para prestar serviços de zeladoria, portaria e limpeza. O síndico também usava a estrutura do condomínio para monitorar câmeras de outros clientes. Segundo a polícia, o sindico e a esposa acumularam mais de R$ 2 milhões desde que ele assumiu o cargo e, no mínimo, R$ 500 mil foram faturados de forma indevida.
Em entrevista concedida no momento da abordagem, em setembro, Costa argumentou que portaria era utilizada apenas como ponto de apoio para a empresa de vigilância. Ele confirmou o sistema de fornecimento de água e ressaltou que era de conhecimento dos moradores. O síndico justificou que durante a pandemia muitos moradores não pagaram as contas e não teriam dinheiro para pagar pelo serviço e ficariam sem água. Então ele teve a ideia de montar a estrutura com poço artesiano até conseguir regularizar a situação. Ele, na época, negou demais acusações como ameça e falsificação, que foram elencadas pela polícia.