A ação policial que surpreendeu ladrões de banco em Paraí, e resultou em confronto com sete criminosos mortos, faz parte de um intenso trabalho de inteligência da Brigada Militar (BM). A corporação monitora as movimentações destas quadrilhas especializadas e já tinha informação de que um ataque aconteceria na Serra na madrugada desta sexta-feira (6).
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— Não sabíamos que seria em Paraí, mas tínhamos a informações que era na região. Temos um mapeamento de locais onde podem acontecer esses delitos e Paraí possui as características, por isso estávamos monitorando. Espalhamos nosso efetivo estrategicamente em alguns pontos da região — explica o tenente-coronel Paulo César de Carvalho, comandante do 3º Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (3º BPAT).
As características citadas pelo oficial da BM são baseadas em ataques anteriores: cidades de pequeno porte, que possuem pouco efetivo policial e que têm agências bancárias próximas, o que permite ataques simultâneos. Em Paraí, antes de serem surpreendidos pela presença policial, os bandidos preparavam explosivos para arrombar caixas eletrônicos do Sicredi e do Banco do Brasil, que ficam na mesma quadra, um na Rua Sete de Setembro e outro na Avenida Castelo Branco.
Outro fator considerado pela inteligência da BM é que estamos em início de mês, época de pagamento e de maior movimentação de dinheiro nos bancos. Os policiais também contam com o apoio de moradores das cidades pequenas para relatarem movimentações de pessoas e veículos suspeitos.
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade nesta manhã, o comandante-geral da BM, coronel Rodrigo Mohr Picon, explicou que o monitoramento desse tipo de ação é um trabalho constante da inteligência da corporação. Ele disse que esse trabalho tem sigilo absoluto, inclusive entre os oficiais. O objetivo, segundo ele, é agir antes dos criminosos arrombarem os bancos e, assim, evitar um tiroteio _ o que não foi possível em Paraí. Sobre a mobilização dos 32 policiai militares que participaram deste cerco, o coronel destacou a criação do Batalhão de Choque com sede em Caxias do Sul.
— A criação deste batalhão no ano passado propiciou uma maior distribuição de patrulhas especializadas, principalmente nestas áreas mais problemáticas para esse tipo de ataque. Neste caso, foi uma ação conjunta do batalhão de Bento, que recebeu a informação, com o Choque de Caxias. Essa ação é o que possibilita nossa pronta-resposta: soubemos da possibilidade do ataque, operacionalizamos o apoio e nos posicionamos na região — explica o comandante-geral.
Na ação desta sexta-feira foram apreendidas quatro espingardas calibre .12, uma metralhadora e duas pistolas. Segundo a BM, no momento do ataque, todos os criminosos vestiam toucas, luvas pretas e coletes balísticos. Até as 10h, os sete mortos ainda não haviam sido identificados oficialmente.
— Os veículos utilizados têm placas da Região Metropolitana, mas chama a atenção que as placas não estão no sistema como situação de roubo ou furto. Provavelmente sejam carros clonados — explica o tenente-coronel Carvalho, ressaltando que aguarda o levantamento feito pela perícia e a Polícia Civil.
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Dois dos mortos tiveram suas imagens comparadas a de integrantes de uma quadrilha de Guaporé. De acordo com o delegado Arthur Reguse, titular da Delegacia de Polícia (DP) de Bento Gonçalves - e que responde por Paraí -, havia contra eles mandados de busca e apreensão, devido a suspeita de partilharem do planejamento do crime. Um Ônix com placas de Sapucaia do Sul e um Agile de Porto Alegre foram usados pela quadrilha, o que reforça a possibilidade de participação de bandidos da Região Metropolitana, confirma o delegado:
— As placas são clonadas, já conferimos isso também — acrescenta.
O ataque frustrado teve auxílio do monitoramento eletrônico do município. Há um ano, de acordo com o prefeito Gilberto Zanotto (PDT), câmeras foram instaladas na cidade. Fornecidas a área de inteligência das polícias Civil e Militar, as gravações auxiliaram a identificar os suspeitos circulando pela região.
— Mostra que temos uma polícia organizada — elogia o gestor municipal.