Os líderes responsáveis pelo primeiro motim registrado neste sábado (25), na Penitenciária Estadual de Bento Gonçalves, foram transferidos durante a madrugada deste domingo (26) para outras casas prisionais do Rio Grande do Sul. Equipes da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) concluíram a transferência por volta das 7h30min.
Na manhã de domingo, uma lista com 17 apenados que teriam sido transferidos foi entregue aos familiares. A Susepe, contudo, não confirmou este número ou para onde eles foram levados, por questões de segurança.
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A confusão começou por volta de 11h30min, durante visita das famílias dos detentos. A rebelião foi declarada controlada em torno das 17h30min. Após a contenção do motim, houve procedimento de revista e posterior visita de representantes dos Direitos Humanos da OAB às instalações da casa prisional.
Os familiares alegam que o motim iniciou após presos reivindicarem um espaço melhor para visitas na unidade prisional. Como a solicitação não foi atendida iniciou o motim. Por volta de 13h, os familiares foram conduzidos para fora da penitenciária. De lá, as famílias observaram fumaça subindo dos pátios das galerias A e B e ouviram tiros e bombas de efeito dispersivo, o que aumentou a apreensão e a revolta de todos.
Sob gritos, as famílias protestavam contra a falta de informações e chegaram a realizar o bloqueio com pedras e uma fogueira na via principal e único acesso à unidade prisional. Para conseguir avançar, agentes do Grupo de Ações Especiais da Susepe (GAES) da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) do Estado arremessou bombas de efeito moral contra as famílias.
Inicialmente, a direção da penitenciária informou que cinco detentos haviam sido feito reféns por outros presos e alguns deles tinham sofrido ferimentos leves durante a ação de tomada de controle por parte dos agentes penitenciários.
Em uma conversa pós-rebelião com os familiares, o diretor do Departamento de Segurança e Execução Penal, César Fortes, relatou que 12 apenados tiveram ferimentos leves. Ele lamentou o ocorrido, destacando que ambos os lados precisam se respeitar e que todas as condutas seriam analisadas.
— Está acontecendo isso porque a casa prisional que eles estavam antes era defasada e não trazia uma recuperação ideal. Estamos remodelando, é a política nova. Se criou este estabelecimento novo, com outra dinâmica de trabalho, mais movimentação, o que traz desconforto, tanto para família, quanto aos presos e aos servidores que estão fazendo a segurança. É um trabalho sério e de recuperação, pois não temos prisão perpétua. As pessoas daqui irão sair — comentou Fortes na conversa.