Na coletiva desta quarta-feira (25), a Polícia Civil de Bento Gonçalves, além de divulgar detalhes da investigação de um líder de facção, apontou que o assassinato de uma mulher grávida na cidade, em 21 de maio deste ano, foi ordenado por ciúmes. A investigação mostrou que uma ex-companheira do namorado da vítima planejou o homicídio com outros cinco familiares e orientou um adolescente a praticar o crime. Em seu relatório, a Polícia Civil demonstrou a participação de cada um dos sete investigados no assassinato de Andressa Weber Erbice, 24 anos, contudo a Justiça não decretou nenhuma prisão.
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A explicação, segundo o delegado Álvaro Becker, é que nenhum dos suspeitos possuía uma vida criminosa até aquele momento.
— Eles têm residência fixa e não têm antecedentes, mas as provas estão aí. O autor é este adolescente que mora em Caxias do Sul e vinha à cidade para namorar com a filha desta mandante (do homicídio). A motivação é ciúme e frustração desta ex-companheira, que se sentiu abandonada pelo namorado de Andressa — aponta o titular da 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP).
O crime ocorreu no bairro Santo Antão, quando Andressa estava grávida de sete meses. O atirador chamou pela vítima e atirou quando ela abriu a porta. A mulher caiu e o assassino atirou outras quatro vezes antes de fugir. Para salvar o bebê, os médicos realizaram uma cesárea de emergência, mas a a criança morreu horas depois do nascimento _ por isso o caso é tratado como duplo homicídio. O companheiro de Andressa e pai do bebê estava na residência, mas não foi ferido no ataque.
Para comprovar esta associação criminosa, os investigadores da Polícia Civil fizeram um mapeamento dos celulares das vítimas e posicionaram cada suspeito, por local e horário, na cena do crime. Este mapa possibilitou confrontar os depoimentos dos sete suspeitos.
— Eles se ligavam para combinar como deveriam proceder na delegacia e o que deveriam falar. A nossa investigação desconfiou e percebeu algumas mentiras e incoerências. Todos os envolvidos são, de alguma forma, parentes da mandante. O inquérito deixa bem claro a participação e o auxílio de cada um na morte da Andressa — relata o delegado Becker.
O chefe da 2ª DP pretende fazer uma nova representação para a internação do adolescente apontado como autor dos tiros que mataram Andressa e o bebê. O delegado ressalta que ele possui envolvimento em outros crimes de Caxias do Sul. Sobre os adultos, Becker resigna-se e admite que responderão em liberdade ao indiciamento de duplo homicídio qualificado.
Um destes investigados, contudo, é um morador de Farroupilha que foi preso recentemente com diversas armas durante uma ação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). A 2ª DP acredita que uma destas pode ser a arma utilizada para matar Andressa e irá solicitar uma perícia balística.