A família de José Orlandi Vargas, 80 anos, que ficou desaparecido por dois dias em Caxias do Sul, buscará aconselhamento da Polícia Civil para saber como e se serão esclarecidas as causas do sumiço do idoso encontrado na quarta-feira (21). Ele saiu de casa na segunda-feira (19) e foi achado sozinho em uma área de mata atrás do bloco 46 da Universidade de Caxias (UCS). A suspeita é de que Vargas tenha sido vítima de outros crimes, já que o dinheiro que ele levava na carteira sumiu e a ficha de identificação do idoso, que ficava colada em sua bengala, também desapareceu. A família também achou estranho o fato de Vargas, no momento em que foi encontrado, estar segurando a carteira firmemente na mão.
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A família diz que irá à Polícia Civil para registrar a localização de Vargas ainda nesta quinta-feira (22). Lá, buscará conselhos sobre o que pode ter acontecido. Há várias questões em aberto sobre o sumiço do aposentado.
— Estamos nos fazendo um milhão de perguntas. Não somos uma família conhecida ou com dinheiro para que exista uma suspeita de sequestro. Veremos com os policiais se eles acham que pode ter acontecido alguma coisa mais séria nesse tempo que ficou sumido — explica a filha Fernanda Vargas Tranzansin, 52 anos.
O mistério maior envolvimento o desaparecimento de Vargas, porém, é sobre como e onde o idoso passou as duas noites do desaparecimento e quem telefonou para a segurança da UCS avisando sobre a localização do idoso.
— O que pensamos é que alguém o acolheu nesses dias. Pode ter roubado ele, mas, bem ou mal, cuidou dele. Diante da repercussão, essa pessoa pode ter decidido largar o meu pai para não se incomodar. Mas é tudo um exercício de imaginação, já ele não lembra de nada — diz a filha.
Um dia depois de ser encontrado, Vargas está respondendo bem aos medicamentos e já iniciou sessões de fisioterapia, segundo Fernanda:
— Está reagindo e recuperando as forças. Ele estava muito enfraquecido e continua sentindo muita sede. Ele não lembra se comeu, se deram comida para ele.
Polícia Civil só investigará desaparecimento se um crime for relatado
Por enquanto, a Polícia Civil acompanhou a localização de Vargas pelo noticiário. O delegado Rodrigo Kegler Duarte afirma que aguarda a família registrar oficialmente a localização. Diante da falta de estrutura, a Delegacia de Homicídios não participou das buscas ao aposentado.
— Iremos verificar a ocorrência (de localização) e terminar (o caso). Pelo que acompanhamos, é uma questão social, não policial. (Uma investigação acontece) apenas se for noticiado algum sequestro ou outro crime, o que não aparenta ser até o momento — resume.
Apesar de causar aflição aos familiares, desaparecimentos não costumam ser investigados em Caxias do Sul. A explicação é a falta de efetivo e a alta demanda de crimes contra a vida enfrentada pela Delegacia de Homicídios. A apuração só começa quando há uma informação concreta do paradeiro da vítima ou um indício de crime.
— Não instauramos o inquérito (no caso de Vargas), justamente por parecer ser uma questão médica. É o padrão diante da falta de estrutura da delegacia — aponta o delegado Duarte, que acredita que alguns casos de desaparecimento devam ser de responsabilidade de algum órgão assistencial.