Com a chegada do verão, os golpes também migram para o Litoral, e o que era para ser um momento de lazer pode se transformar em dor de cabeça e prejuízo. Esse é o resultado de estelionatos aplicados em negociações de aluguéis de imóveis na praia. A recomendação aos consumidores é ficar atento e, à menor desconfiança, não fechar negócio.
Uma jovem de 23 anos, que pediu para não se identificar, foi uma das vítimas mais recentes do golpe em Caxias do Sul. Ela conta que se interessou em um imóvel publicado na rede social Facebook. A oferta se referia a uma casa em Torres. Em contato com o suposto proprietário por ligações e conversas via WhatsApp, ficou estabelecido que ela daria R$ 500 de entrada e o restante no pagamento de dezembro. Porém, após receber a primeira parcela, o homem desapareceu, bloqueou a jovem no aplicativo de conversa e não atendeu mais as ligações. A vítima registrou o boletim de ocorrência no domingo.
— O Facebook dele, inclusive, não tinha cara de fake. Tinha fotos, amigos, tudo. Eu não suspeitei, porque a casa não estava fora do preço que eu já tinha visto. Mas ele ficava me pressionando para eu me decidir, dizendo que tinha muita gente interessada na casa — conta a vítima.
O falso proprietário ainda solicitava a identidade (RG) e o nome de todos que iriam permanecer na casa. A suspeita é de que ele utilize os documentos das vítimas para aplicar novos golpes, dificultando, dessa forma, a sua identificação.
— Não é tanto pelo dinheiro, mas é uma frustração por ter de achar uma outra casa e por ter sido enganada — desabafa a jovem.
Para o coordenador do Procon Caxias, Luiz Fernando Del Rio Horn, os golpes foram facilitados com a popularização das negociações pela internet.
— Agora, as pessoas estão mais à mercê desse tipo de situação. Inicialmente, sugerimos buscar referências sobre a pessoa e a casa, na internet mesmo. Outro cuidado é exigir por parte do proponente nome completo, RG e até CPF, para que o cliente possa fazer uma pesquisa na polícia e no Poder Judiciário. Se aparecer alguma coisa, o conselho é não efetivar o contrato. O ideal mesmo é que exista uma imobiliária intermediando o negócio, porque é mais fácil verificar a existência. Esses são cuidados mínimos que se deve tomar para evitar um golpe — explica Horn.
Porém, se apesar de todo o cuidado, o golpe for efetuado, a orientação é buscar ajuda da polícia e também do Procon.
— Cada órgão apura um tipo de responsabilidade. A Polícia Civil apura a responsabilidade criminal. O Procon verifica a responsabilidade civil, quando for questões coletivas, e a responsabilidade administrativa. Mas a dificuldade é a localização e a identificação do estelionatário — detalha o coordenador do órgão.
A última orientação de Horn é que, se possível, o cliente vá pessoalmente até o imóvel antes de fechar o negócio, apesar da dificuldade diante da distância até o Litoral.
O QUE FAZER SE CAIR NO GOLPE
:: Antes de tudo, para que o crime de estelionato fique comprovado, é preciso demonstrar que o autor obteve vantagem prejudicando outra pessoa por meio de esquema que a induziu ao erro. Se esse é o seu caso, é hora de começar a buscar seus direitos.
:: Junte todas as provas: de acordo com advogados especializados em estelionato, a primeira coisa a se fazer é juntar todos os documentos que comprovem a ilegalidade. Exemplos são recibos de pagamentos, comprovantes de depósitos, nota promissória e cheque. Além disso, se houver conversas por mensagens de celular, aplicativos de chat ou redes sociais, é importante que a vítima as salve, já que isso também pode ser usado como prova.
:: Entre com uma ação: com as provas em mão, a vítima pode buscar uma delegacia de registrar um boletim de ocorrência. Em seguida, deve registrar a fraude no Procon e também entrar com uma ação contra o autor no Juizado Especial de Civil (JEC), desde que a causa seja de até 40 salários mínimos.
Fonte: Site Mundo Advogados
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